Massacre no Colégio : Uma boa mistura de comédia e filme de matança, no 1º de Abril

Massacre no Colégio : Uma boa mistura de comédia e filme de matança, no 1º de AbrilMassacre no Colégio é um filme de horror britânico que se passa no primeiro de abril e que tem um drama relacionado a uma reunião de colégio. Esse é um filme que contém se pauta nos clichês de Slasher Movie e Filme de Matança, lembrado também por estrelar Caroline Munro.

Lançado em 1986, é um filme que mostra a vida de jovens que provocaram um acidente de laboratório do colégio, desfigurando assim um colega deles. Cinco anos depois, os meninos são convidados para um encontro de ex-alunos na sua velha escola, agora desativada e abandonada, aos poucos eles vão sumindo, um a um, acabam perecendo aos ataques de um misterioso vulto mascarado, que usa a imagem de um arlequim.

Favor não confundir esse com o filme homônimo Massacre no Colégio de 1976 dirigido por Rene Daalder, que se chama Massacre at Central High no original.

O filme foi dirigido e roteirizado por um trio de realizadores, a saber George Dugdale de Living Doll, Mark Ezra de Selvagens Corações e Peter Mackenzie Litten de Drag Queen - Uma Paixão do Outro Mundo.

Os produtores foram Stephen Minasian - que assinava Steve Minasian- e Dick Randall, que juntos, trabalharam nos clássicos do cinema trash O Terror da Serra Elétrica e O Terror Pode Esperar.

O título provisório do filme era Dia da Mentira ou April Fool. Ele sairia com esse nome, só sendo alterado depois que a Paramount Pictures adquiriu os direitos do termo, para lançar A Noite das Brincadeiras Mortais que foi lançado em março de 1986.

A alcunha ficou como Slaughter High, embora tenha sido chamado de April Fool's Day quando passou no Festival de Cannes. Também foi conhecido como The Last Laugh e em países de língua espanhola era chamado El sangriento día de los inocentes.

O filme foi gravado na Inglaterra, com a maior parte das gravações ocorrendo em Londres. Houveram cenas internas no London Film Studios, em Shepperton - Surrey, já as cenas do interior da escola foram em St. Marylebone Grammar School, Westminster.

O exterior da escola foi filmado no Holloway Sanatorium, em Virginia Water - Surrey, enquanto cenas dentro do apartamento foram em Norfolk Crescent, W2 e Wentworth Golf Club, em Virginia Water.

O estúdio por trás da obra foi o Spectacular Trading International, com distribuição da Vestron Pictures.

A narrativa já começa agressiva, mostrando os créditos iniciais ao som de tiros, enquanto aparece um fundo preto, com o nome do filme em letras vermelhas.

Massacre no Colégio : Uma boa mistura de comédia e filme de matança, no 1º de Abril

A música de Harry Manfredini - que também compôs o tema de Sexta-Feira 13 e de A Noite das Brincadeiras Mortais - varia bem entre tons agudos e arrepiantes e o típico estilo despojado das comédias juvenis como Porkys.

Essa variação parece esquisita, mas estranhamente casa bem com a proposta do filme, já que ele varia entre comédia e horror.

A história se passa em primeiro dia de abril, ou seja, o fatídico incidente, se dá no dia da mentira.

O elenco do filme é composto de interpretes bem mais velhos do que tentam aparentar, inclusiva a musa Caroline Munro, que tinha 35 anos na época das filmagens. O elenco era predominantemente britânico, mas os diretores decidiram que os atores deveriam fingir ter sotaque americano, com vários graus de sucesso e insucesso, obviamente, afinal, o elenco era de qualidade discutível, afinal, esse era um filme B.

Um bom exemplo de choque cultural (e contradição) entre a localidade e onde o filme deveria se passar é uma cena em que Skip (Carmine Iannaccone) diz ao grupo que Marty Randzen (Simon Scuddamore) terá que parar de aterrorizá-los porque o Dia da Mentira tradicionalmente termina ao meio-dia, ou seja, só se pode pregar peças até o fim da manhã.

No entanto, essa é uma tradição seguida no Reino Unido, não é executada nos Estados Unidos. Lá o Dia da Mentira/dos Bobos é um evento que dura o dia inteiro, sem qualquer restrição de horário e esse argumento acabou no filme.

Embora a maior parte do elenco fosse inglês, Donna Yeager que interpretou Stella, era texana, formada pela Rice University e trabalhava na Inglaterra com uma companhia de teatro na época das filmagens. Boa parte do público se confunde quanto a isso, acham que finge ter um sotaque estadunidense, quando aquele é de fato o seu modo de expressar.

A história inicia com Marty, sendo enganado pela bela Carol Manning (Munro), ele é levado ao banheiro feminino, onde ele acha que terá a sorte grande, afinal, a menina mais cobiçada da escola quer o seu corpo.

Massacre no Colégio : Uma boa mistura de comédia e filme de matança, no 1º de Abril

Obviamente que isso é uma prenda. Os colegas dele esperam ele ficar nu, para humilhar o menino, filmando ele assim enquanto dão choques nele, com fios desencapados encostando em sua pele. Depois de deixar o rapaz quase inconsciente, o grupo resolve enfiar a cabeça dele na privada, afinal, eles são pessoas mal caráter, agem como bulllys.

Mesmo depois da pesada pegadinha o dia continua comum, tanto que Marty vai para o laboratório, para fazer experimentos, mesmo que os seus óculos tenham partido.

Depois da irresponsabilidade dos tutores em permitir que ele seguisse na escola, ocorre um incêndio, em parte provocado por um descuido do rapaz, que simplesmente colocou ácido nitroso em uma estante alta, fácil de esbarrar, mas também pela total falta de cuidado da escola em ter facilitadas as condições de combater incêndio.

A culpa também pode ser dividida com o imaturo Skip Pollack, interpretado por Carmine Iannaccone, que vai sabotar o experimento de Marty, só por diversão.

O resultado da gracinha é que Marty se machuca gravemente, quase morre, até sai deformado, terminando a sequência com o rosto desfigurado. Ainda assim sai de lá vivo, encaminhado para uma instituição de tratamento mental.

Toda essa sequência termina com Carol acordando. Aquele era um pesadelo dela, que imagina no final Marty tentando enforcá-la, depois que tenta se desculpar com o garoto, depois que ela vai em sua direção, pedindo desculpas, em vão, obviamente.

Massacre no Colégio : Uma boa mistura de comédia e filme de matança, no 1º de Abril

O tempo passa e os personagens seguem suas vidas e rotinas praticamente sem culpa, sem grandes consequências, arrependimentos ou remorsos oriundos dos pecados que cometeram no passado meia década antes.

Manning vive uma rotina de luxos, em uma casa grande, só ela e seu cachorro. Ela recebe uma ligação de Manny (Dick Randall), um empresário que pergunta se ela quer se deixar fotografar para um cliente particular, que quer registros exclusivas dela.

Os antigos alunos retornam para o lugar onde estudaram um dia, com o prazer de ver o colégio já desativado. Ninguém suspeitou do convite anônimo, afinal, para um filme de terror acontecer é preciso ser muito burro.

Os corredores têm teias de aranha, há muita sujeira, tudo é milimetricamente pensado para parecer abandonado. Essa construção de set é exagerada demais, tanto que beira decoração de dia das bruxas, até com morcegos pendurados, provavelmente eram sobras de uma decoração festiva de anos passados.

Também ajuda na criação de atmosfera o fato da história se passar a noite, quase sem iluminação. Troveja do lado de fora, enquanto o grupo cheira, bebe e fuma na parte interna do prédio. O mal se aproxima e eles estão tão entorpecidos que mal percebem.

Há alguns fatos bem estranhos ligadas as brincadeiras que o assassino propõe, como a estranha reação que Ted (Michael Safran) tem ao beber rápido uma cerveja.

O roteiro deixa entender que havia ácido ali, mas ele morre com um inchaço abdominal, que resulta em uma expulsão dos órgãos do aparelho digestivo dele. Não há qualquer substância que faça algo assim acontecer, é bem implausível, mas sinceramente, não importa, pois a sequência é sensacional, méritos do prostético John Humphreys de O Último Filme de Horror e Monster: A Ressurreição do Mal, onde trabalhou com Mackenzie Litten também.

Não fica claro se é Marty quem cometeu esse crime/prenda, de qualquer forma há uma ironia nas armadilhas que tornam esse um fato impossível de ser encarado como coincidência, já que há um apego as prendas feitas com Marty no início do filme, como barras que repelem o toque e sessões choque sendo ministradas para essas vítimas.

O vilão é um arquiteto do desastre, que além de ter um traje bem legal - de arlequim ou bobo da corte.

Massacre no Colégio : Uma boa mistura de comédia e filme de matança, no 1º de Abril

Ele ainda planeja sustos pesados, como a troca de água por um produto químico que consome o corpo da bela Shirley, interpretada por Josephin Scandi.

Curiosamente que foi até uma banheira depois que o sangue de Ted espirrou nela, ao procurar se limpar acabou morrendo de maneira bem agressiva e assustadora.

O filme possui bons sustos, como quando aparece uma foto de Marty em uma porta, que claramente não estava ali antes. O matador é um bom ilusionista, já que parece ter surgido do nada. Quando alguém se aproxima dela, saem mãos amareladas.

Fica a dúvida se aquele é o tom de pele do psicopata ou se são luvas fica a impressão de que aquilo pode não ser real, restando a dúvida se eles - especialmente Carol - não estão sofrendo com uma imaginação tórrida e violenta, ou se estão sofrendo uma interferência espiritual, diabólica, satânica ou fantasmagórica.

Por mais que o filme se leve pouco a sério, há uma atmosfera de horror bem construída, como o ambiente é fechado e meio selado, fica a sensação de mal inescapável, simplesmente, além de um reforço na sensação claustrofóbica.

Há vários trechos bizarros e inesperados, de manifestações de nervosismo, como quando Stella e Frank (Billy Hartman) mesmo com várias mortes ocorrendo, resolvem transar.

Não é incomum que as pessoas sintam tesão ao se deparar com o medo de morrer, mas unir o ato sexual a uma morte que não seja por meio de armas brancas, é algo difícil de ocorrer, ainda mais em filmes de matança. Os dois perecem eletrocutados

Na meia hora final, sobram três sobreviventes Nancy (Kelly Baker), Skip e Caroline, mas o vilão não se prende ao fato de que está amanhecendo, sendo assim, acabaria o dia dos bobos.

Ele simplesmente prossegue no dia dois de abril, acertando a conta com aqueles que humilharam Marty, dando o troco aos que reduziram ele a nada, espalhando alguns dos corpos para assustar os que sobraram por último.

Impressiona como Munro segue belíssima nessa época, depois de décadas sendo um sexy symbol em filmes da Hammer, ela ainda é uma mulher de beleza absurda.

Massacre no Colégio : Uma boa mistura de comédia e filme de matança, no 1º de Abril

Sua personagem é atacada pelo bobo, que vem da mesma cortina personalizada onde ocorreu uma das mortes, demarcando assim a sensação de repetição, possivelmente até de compulsão da parte do assassino.

A personagem exibicionista se torna a garota final, fugindo do clichê virginal, sem qualquer justificativa para essa escolha.

O final foge de qualquer ideia diferenciada, já que o assassino se revela a suspeita mais óbvia. Ele ainda sofre com ilusões e devaneios que já eram esperados, atormentado por delírios que colocam seus algozes - e agora vítimas - retornando como zumbis acinzentados, para mais uma vez maltratar o agora adulto Marty.

O tempo passou e ele não superou esses traumas, não perdendo o medo dos colegas nem mesmo depois da morte deles. Ele é humilhado e maltratado mesmo depois de sua vingança, fato que faz perguntar se tudo isso ocorreu de fato ou se for mais um pesadelo, fosse ele de Marty ou de Carol. Fica a dubiedade nesse final.

Ainda ocorre um susto final, com bastante gore, diga-se. Esse trecho abria chance para uma continuação, embora não fizesse qualquer sentido a inserção desse trecho depois dos créditos.

O nonsense habita o humor interno do filme e seu posfácio, com Marty provocando nojo no público uma última vez, já que esfrega sua ferida pútrida e gosmenta, para passar seus restos na lente da câmera.

Massacre no Colégio é divertido e direto, não tenta parecer pomposo e surpreende pela qualidade visual dos seus efeitos práticos, tendo um vilão louco, obcecado e essencialmente cruel. É uma boa opção para assistir no dia da mentira, uma boa exploração da temática, especialmente para quem gosta de cinema B.

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