Crítica: Han Solo: Uma História Star Wars

Numa galáxia não muito distante, vem um spin off apenas divertido

Gerar expectativas é algo complicado, e ao mesmo tempo, pode ser uma faca de dois gumes. Recentemente, por exemplo, não se esperava muito do remake de Desejo de Matar, e realmente, ele se mostrou um filme bem mediano. Já, em relação à sequência de Deadpool, esperava-se algo bem melhor do que o primeiro, e, pra alguns, o filme acabou sendo meio frustrante, já que a produção tinha mais drama do que comédia, no final das contas.

E, quanto a este Han Solo: Uma História Star Wars?

Bem, não há como negar que as expectativas para ele eram baixíssimas, quase nulas. Afinal, a produção sofreu diversos contratempos, entre eles a mudança de direção, que ficou a cargo de Ron Howard, devido a “diferenças criativas” dos cineastas anteriores, e o surgimento de uma especulação um tanto constrangedora de que o ator principal, Alden Ehrenreich, estava tendo aulas de atuação, por incapacidade de interpretar o personagem Han Solo.

Obviamente, diante disso, muitos esperavam pouco ou nada do filme. Mas, incrivelmente, a coisa deu “liga”, e funcionou bem em tela, mesmo com alguns erros bem pontuais aqui e acolá que impedem a produção de ir além de um mero “ok”.

Um dos grandes atrativos do filme já se percebe nos primeiros segundos: o ritmo. Independente se você é um fã de carteirinha ou não da franquia, Han Solo não é um tipo de personagem que precisa de “apresentação” ou “origem”. Portanto, a ação já está lá, acontecendo, e, no meio dela, o nosso anti-herói tentando sobreviver, ao mesmo tempo em que usa sua malandragem em benefício próprio em certas ocasiões.

A relação do protagonista com o seu par romântico (e, que depois, vai se mostrar bem mais do que um mero par romântico) Qi'ra é bem estruturada, e coloca de maneira bacana um Han Solo ainda em construção. Os problemas do filme, porém, começam a acontecer quando ambos os personagens se separam.

Percebemos, então, que a produção demorou quase 20 minutos trabalhando um determinado núcleo, para abandoná-lo, e, a partir daí, começar a justificar, por exemplo, o sobrenome “Solo” do protagonista, e como ele conheceu Chewbacca. Só que, honestamente, essas são cenas bobas e pouco satisfatórias. A coisa engrena mesmo quando Han e Chewbacca se juntam à tropa do “comandante” Beckett.

Daí pra frente é uma sucessão de encontros e desencontros, além da apresentação de personagens bastante interessantes, como Rio Durant, a androide L3-37 e o tão falado Lando Calrissian. Só que, infelizmente, todos, mesmo possuindo um grande potencial, aparecem muito pouco na trama. O que é uma pena, pois, possuem uma personalidade distinta, e mereciam mais tempo em tela.

Em termos de roteiro, o filme é bem estruturado, colocando os protagonistas em desafios interessantes, e em soluções pra eles ainda mais interessantes. E, isso converge diretamente na ação, que é desenfreada e (quase) não cansa o espectador. Ponto para o diretor Howard e a equipe de produção (em particular, a dos efeitos visuais), que conseguem compor ótimas sequências, apesar de, às vezes, os próprios efeitos ficarem prejudicados por uma tela excessivamente escura.

A história ainda reserva alguns plot twists bacanas no terceiro ato, além de fan services estrategicamente colocados, que se integram de maneira orgânica na trama, sem prejudicar a narrativa do filme (erro que acometeu Rogue One, por exemplo).

Não dá pra negar que, em termos de atuação, todos estão bem, apesar de não ter nenhum destaque excepcional. Apesar de todas as polêmicas, Alden Ehrenreich consegue entregar uma performance convincente, mesmo que, em algumas ocasiões, possa parecer que ele está imitando Harrison Ford em demasia. Emilia Clarke entrega uma Qi'ra cheia de nuances, e cujas ações serão de fundamental importância em determinados momentos da trama.

Donald Glover, como Lando, saiu-se muito bem. Tão bem, que merecia ter tido mais espaço na história, sem sombra de dúvidas. E, Woody Harrelson nos presenteia com seu habitual ótimo desempenho, mostrando um Beckett bem carismático, transformando um personagem que poderia ser muito odioso em alguém mais cativante e menos caricato.

E, claro, a Millennium Falcon. Ah, a grande Millennium Falcon... A tão famosa nave, que facilmente se tornou coqueluche e peça de colecionador entre os fãs, tem um papel importantíssimo aqui, e a introdução da figura dela na história é muito bem bolada. Uma pena, no entanto, que a exploração dela, ao final do segundo ato, seja em uma cena de ação que se alonga demais. Nesse sentido, um pouco menos seria melhor.

Han Solo: Uma História Star Wars, enfim, funciona? Bem, sim e não.

Como aventura descompromissada, daquelas que passam domingo à tarde na TV aberta, o filme é uma ótima pedida. Prato cheio. Diverte, empolga e tem carisma. Mas, para os fãs da franquia, que esperavam por algumas respostas sobre o passado do anti-herói, talvez se sintam frustrados, pois a produção não vai além disso: apenas uma boa aventura, sem grandes e importantes explicações. Se essa for a sua intenção ao ver Han Solo: Uma História Star Wars, ótimo. Satisfação garantida.

Redação

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