Review: Arrow S05E14 - The Sin Eater

O maior problema de temporadas longas, com mais de 13 episódios, é a quantidade de momentos "filler", ou, na tradução mais literal, encheção de linguiça, entre as semanas cuja trama principal é abordada. Com Arrow, esse problema é recorrente, mas nesta temporada os realizadores têm conseguido equilibrar melhor aquilo que importa com aquilo que só existe para preencher espaço. The Sin Eater está entre essas duas classificações e, embora não seja um episódio ruim, sofre com a falta de foco ou com um desnecessário apressamento da história envolvendo Prometheus.A plot envolve a fuga de três criminosas já conhecidas pelos fãs da série, Cupido, China White e Liza Warner, que estão em busca da reserva de dinheiro deixada por Tobias Church, o chefão do crime morto no início da temporada. Um dos grandes pontos dessa trama é, mesmo tendo três mulheres como vilãs, elas jamais são "diferenciadas" por esse motivo e são tratadas pelo roteiro como ameaças poderosas, simplesmente. Isso provavelmente se deve ao fato do roteiro ter sido escrito por mulheres e do episódio também ser dirigido por mulheres. Aqui estão todos em pé de igualdade. Boa sacada, principalmente com a série vindo de um episódio que, embora importante, escancarava de forma bastante didática seus temas.

Com a ameaça da semana soando um tanto banal, cabe ao texto avançar tramas paralelas como aquela envolvendo a jornalista Susan Williams e o protagonista da série. Desde o final de 2016, essa personagem está envolta em mistérios. Seria ela parte do plano de Prometheus para desestabilizar o Arqueiro Verde? Com o que ocorre essa semana, a esperança é que não, e se trata apenas de uma mulher obstinada em busca da verdade sobre o justiceiro de Star City. O texto trata a coadjuvante com bastante respeito nesse sentido, dando uma consequência palpável para sua cruzada sobre o Arqueiro Verde, além de indicar como Thea se assemelha a mãe na hora de resolver problemas envolvendo a segurança de seu irmão. É bom ver a série trazendo alguma importância para a moça, depois de ter ficado vários episódios sem aparecer.

Entre as vilãs que ameaçam a paz em Star City, o destaque fica mesmo para Liza Warner. Rutina Wesley leva a personagem a sério em suas cenas, principalmente quando divide a tela com Paul Blackthorne, que aqui ganha uma motivação que ajuda a fechar pontas soltas deixadas pela temporada anterior. Cupido também ganha alguma nuance, principalmente pelo texto não tratá-la, como a série vinha fazendo, como uma versão genérica da Arlequina. Apenas China White não tem muito a oferecer quando não está mostrando suas habilidades com artes marciais. Mas, daí, a adaptação sempre deu importância demais para essa personagem e sua presença aqui serve para reforçar isso.

Quanto a Prometheus, embora não apareça, sua presença é sentida em vários momentos. E isso basta para o vilão no momento. Toda sua ação está baseada no fato da paranoia que gera no grupo de heróis. Esse é o tipo de antagonista cuja identidade real talvez mereça ficar oculta até os momentos finais do programa, para que a sensação de perigo seja cada vez mais forte. E também ajuda o fato do espectador continuar curioso quanto a sua origem. E a forma como move as peças para atingir a vida de Oliver faz o cerco se fechar cada vez mais de forma ameaçadora e imprevisível. Dito isso, é importante frisar que The Sin Eater apresenta de forma muito apressada a provável mãe do personagem, em uma cena com pouco, ou quase nenhum, impacto e situada em um momento bastante aleatório do episódio. Talvez essa abordagem ficaria melhor em uma aventura mais centrada na trama principal, e por isso, fica clara a tentativa de equilibrar o "filler" com o "mitológico", algo que não funciona muito bem aqui.

No entanto, é neste episódio que o espectador começa a ver, de forma efetiva, a transformação de Dinah Drake na nova Canário Negro, assim como seu retorno à força policial. A personagem é carismática e, apesar de deixar aquele receio no fã, de que a qualquer momento ela pode acabar subaproveitada, não deixa de ser interessante conferir que alguém está fazendo alguma coisa além de treinar na "Arrowcave" o dia todo.

Quanto ao flashback, a série parece ter chegado no ponto de estagnação das temporadas anteriores, com nada de muito significativo acontecendo e um gancho que não faz muito sentido. Fechar o episódio com uma ameaça de morte envolvendo Anatoli é, na verdade, bastante anticlimático, uma vez que o personagem já apareceu vivo e bem no presente várias vezes. Talvez esse seja um dos maiores problemas dessas subtramas no passado: seus pontos de virada deveriam envolver a própria trama e não situações que não oferecem risco algum para o envolvidos.

Assim, mesmo trazendo, no geral, uma aventura empolgante (com as já costumeiras cenas de ação muito competentes), o episódio falha ao se firmar como uma adição importante para a temporada, e quando resolve lidar com alguma coisa que pode avançar sua plot central, o faz sem peso. Ainda falta um bocado para acabar este quinto ano, deixando espaço para a existência de mais alguns "fillers". Não é ruim ver essas histórias isoladas, mas seria melhor se houvesse algum foco na hora de apresentá-las.

Alexandre Luiz

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