O Básico do Cinema - Quadrinhos na telona: A hora do underground?

Homem-Aranha, X-Men, Batman, Superman. Pro leigo que acompanha histórias em quadrinhos por causa de adaptações de cinema, pode parecer que a Marvel e a DC são movidas apenas pelo time de medalhões dos quais fazem parte os heróis supracitados. O que apenas os leitores mais antigos e ávidos devoradores da nona arte sabem, no entanto, é que ambas editoras têm em seus catálogos personagens fascinantes, que não são "mainstream" mas que, trabalhados da forma correta, renderiam boas histórias na tela grande.

Ano passado a DC e a Warner apostaram suas fichas no Lanterna Verde, numa estratégia parecida com a da Marvel, quando esta resolveu produzir o filme do Homem de Ferro. Ambos têm notoriedade nos quadrinhos, mas o público comum, pra quem os longas baseados em HQs realmente são feitos, não os conhecem a fundo. Como a experiência com o Ferroso deu certo, o Lanterna poderia ter animado a Distinta Concorrente da Casa das Ideias a trazer personagens mais "obscuros" para os holofotes. O resultado final, no entanto não agradou, nem público, nem crítica. Em 2010, Jonah Hex foi outra tentativa frustrada por parte da editora do Batman, e que pôde servir como aprendizado: pra fazer algo desconhecido cair no gosto popular, deve ter um apelo maior. Hex, porém, é infinitamente pior que o Lanterna, que até tenta agradar e tem momentos interessantes, que acabaram sendo prejudicados por uma execução desinteressada.

A Marvel já perdeu várias oportunidades de levar alguns heróis underground para outras mídias, e as chances que teve também não foram muito bem sucedidas. Um bom exemplo é o Demolidor, que poderia ter rendido um longa bem melhor, não fossem as escolhas absurdas da Fox na sala da edição do filme de 2003. Já Luke Cage, um popular personagem urbano da editora, desperta interesses há tempos, sempre frustrados pela falta de vontade da Marvel em adaptá-lo. John Singleton, notório por seus filmes inspirados pela Blaxploitation do cinema dos anos 70, ficou anos tentando produzir e dirigir um filme com o (anti)herói. Agora, são alguns atores que demonstram interesse em interpretá-lo. Um deles é Isaiah Mustafa, que tentou, em 2011, criar um lobby para finalmente tirar a ideia do papel.

Com um video de 40 segundos no Youtube, Mustafa interpreta Luke Cake, numa sequência de imagens que serviriam muito bem para um trailer, ou de filme ou de seriado. A idéia era bacana, mas não vingou. Pelo menos não por agora.

Também não é só de Marvel e DC que vivem os quadrinhos ou suas adaptações cinematográficas. Neste final de semana, estréia nas telonas de todo país, Dredd, nova tentativa de levar para a sétima arte o popular personagem britânico, que já foi vivido por Sylvester Stallone nos anos 90. A produção promete maior fidelidade ao material original e, principalmente, uma abordagem mais madura, nada interessada nas classificações etárias que tentam gerar mais dinheiro à partir de uma audiência mais ampla. O filme do Juíz tem censura alta, o que leva à outras perguntas. Há anos quadrinhos não são mais uma mídia infantil, com Graphic Novels voltadas  ao público adulto. Apesar de algumas terem feito sua estréia nos cinemas, ainda existem diversos títulos esperando pra serem adaptados.

A bem da verdade, os filmes de quadrinhos vivem hoje uma fase ótima. Mesmo os personagens menos populares têm rendido boas bilheterias. Mais cedo ou mais tarde, no entanto, o público vai pedir por coisas novas. Se já não está pedindo. Talvez seja a hora das  editoras e estúdios começarem a pensar na possibilidade de dar algo diferente pro grande público.

Pra deixar vocês pensando em como seria interessante esse tipo de atitude, imaginem a situação: Darren Aronofsky quer fazer um filme de HQ há um bom tempo. Como ele ficou fora de The Wolverine, o próximo filme do grande herói mutante da Marvel, por alegar não aguentar ficar longe de sua família em Nova York, porque não sondá-lo para um filme de Luke Cage e Punho de Ferro? A fase em que os dois se tornaram Heróis de Aluguel cairia como uma luva pra Aronofsky que provavelmente faria um filmaço com um ambiente urbano cheio de problemas como a Cidade que Nunca Dorme!

Alexandre Luiz

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