Chainsaw Man: uma análise sobre o arco do Demônio da Eternidade

Chainsaw Man segue sua narrativa após o trecho conhecido como Arco de introdução. Esse trecho é comumente chamado de O Arco do Demônio da Eternidade, compreendendo partes do quarto episódio, do quinto até o início de oitavo capítulo e mostra um pouco do procedimento de Denji com outros caçadores de demônios.

Esse review possuirá spoilers. Falaremos sobre partes substanciais da narrativa, mas não há tantos detalhes sobre o que ocorre ou não.

Ainda assim, se o leitor se importa e não está em dia, recomenda-se ver pelo menos até o capítulo oito.

Chainsaw Man: uma análise sobre o arco do Demônio da Eternidade

Uma consequência importante dentro dos temas que discutimos antes é a evolução de Denji enquanto pessoa ativa sexualmente.

Como dito na outra parte dessa análise, o protagonista era um rapaz isolado, sem grandes demonstrações de afetos, sequer sua família permitia a ele algum afeto, e dada essa questão, ele tencionava encontrar uma menina para chamar de par.

Entre paixões platônicas (por Makima), possibilidades de flerte (com Power, especialmente, depois com Himeno), o que se vê é um garoto tão bizarramente excluído que qualquer manifestação de carinho ou afeição é tratada como um grande evento. Ele supervaloriza qualquer toque, qualquer ato de bolinar, mesmo um beijo sem língua é tratado como algo grandioso.

A maior demonstração dessa valorização é quando ao beber com seus companheiros, Himeno dá um beijo estalado em Denji, mas acaba vomitando na boca do rapaz, uma vez que naquele momento, ela já havia bebido bastante, sofrendo assim um porre homérico, resultando nesse passar mal.

A cena possui uma censura na escatologia, e é tão ironicamente engraçada que Power lembra que o herói da jornada tem a “mania” de engolir tudo, inclusive vômito.

A tradução do anime claramente diminui a gravidade da cena, já que Denji claramente engole o regurgito pelo simples motivo de que ele está o tempo inteiro caçando alimento, então qualquer menção a nutrientes, é tratada por ele como algo necessário. Nessa versão parece apenas que ele engoliu por mania boba.

Já com Power, Denji  acaba tendo as maiores reações ao se aproximar de carinho e afeto. Quando ele apalpa os delas, o rapaz quase enfarta, mesmo ficando na dúvida se os seios são reais ou não, uma vez que as cenas de introdução mostram que o seu tórax é liso, e também pelos enchimentos que ela utiliza.

O novo desafio é abordado de maneira introdutória, com o alvo tendo em si a recompensa maravilhosa de um prêmio que fosse conveniente a quem capturasse, mas antes do tal Diabo da Arma, ainda havia a criatura que dá título a este tomo.

O ser da Eternidade aparece primeiro como um monstro só de rosto e mão, digno da imaginação doida de Screaming Mad George, o especialista em efeitos especiais práticos responsável por obras que adaptam histórias de H.P.Lovecraft e outras obras do cinema de horror.

Chainsaw Man: uma análise sobre o arco do Demônio da Eternidade

A princípio, ele é tratado como uma outra criatura, no entanto é uma versão pregressa do Demônio da Eternidade, mas antes de se tornar a sua forma final.

Os episódios seis e sete se passam praticamente no mesmo cenário, em um andar de um prédio, onde está um objeto de caça. Nesse oitavo andar há uma sequência com forte simbolismo, sobre loopings e sobre movimentos circulares da vida, de maneira bem literal no início, mas carregada de significados dentro de sua simplicidade.

Outro ponto absurdamente bem utilizado é a sensação de claustrofobia, valorizada pelo fato dos jovens estarem presos, mesmo que esse elenco esteja acostumado a usufruir de questões cuja adrenalina está no máximo.

Chainsaw Man: uma análise sobre o arco do Demônio da Eternidade

Por estarem cercados, e é fácil se perder emocionalmente, tanto que um dos caçadores começa a chorar, basicamente por conta do confinamento, que não tem previsão de encerramento.

Por mais que alguns personagens tenham crises de ansiedade, a maioria deles é calma, incluindo o protagonista.

Essa parte também possui um bom combate, com o diabo da motosserra atacando a massa amorfa do vilão, que resulta em um verdadeiro show de horrores, digno dos melhores filmes de David Cronenberg.

O gore é intenso de uma forma que assusta até os caçadores de demônios.

Entre os cortes da luta, é apresentado finalmente Kishibe, um sujeito que aparece na introdução dos capítulos, que se veste todo de preto, e tem uma aparência semelhante a de John Constantine, o Hellblazer criado por Alan Moore, não só por ser loiro e viciado (aqui ele é bêbedo, e não um fumante convicto como o personagem britânico), mas também por ser blasé e por não ter problemas com cenários como os cemitérios.

Chainsaw Man: uma análise sobre o arco do Demônio da Eternidade

Ele terá um papel mais intenso mais tarde, como treinador/mentor de Denji e Power, possivelmente ainda nesta temporada inicial.

Esse arco é mais direto ao ponto, possui os seus totens e objetos simbólicos, como a singela bala ensanguentada, diminuta, que lembra mais um souvenir do que um projétil real.

O que se percebe é a tentativa de emular a ideia do mangá de Tatsuki Fujimoto em colocar pequenas desventuras antes dos desafios maiores, como o que será explorado mais a frente, do Katana-Man.

O Arco do Demônio da Eternidade serve para reforçar as ideias iniciais, colocando Denji e Power em situações mais corriqueiras, violentas, repletas de referências a obras clássicas do cinema como A Origem e O Enigma de Outro Mundo, tudo isso sem abrir mão da identidade do anime e do carisma de seus personagens.

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