Crítica: Aposta Máxima

4936-Photo1Mesmo blefando, a partida foi perdida.

Num mundo onde apostar online no pôquer é a grande onda dos últimos tempos, o talentoso estudante Richie Furst (Justin Timberlake), que tem dificuldades em pagar sua universidade, entra nesse negócio e vê sua conta bancaria aumentar significativamente, em pouco tempo. Em uma dessas jogatinas, o rapaz investe e perde todo seu dinheiro. Surpreendido, descobre que estava sendo roubado por uma empresa que mantinha um esquema quase que imperceptível, por fazer blefes aparentemente tolos, mas pontuais.

Inconformado, Furst vai atrás da filial, em Porto Rico, no intuito de conversar com o dono desta firma, presidiada pelo lendário empresário Ivan Block (Ben Affleck). Lá ele recebe uma proposta irrecusável do próprio Block, que, cinicamente, pede desculpas pelo crime, e afirma não saber o que estava ocorrendo. Que sua companhia era enorme e passível de sofrer golpes como esses. Obviamente uma conversa fiada, mas que aos ouvidos de Richie, tornou-se esclarecedora e conveniente. Assim, ele se tornaria funcionário da tal empresa e teria uma vida luxuosa, fazendo o que gosta, sem mesmo precisar pensar no futuro. Porém, com o passar do tempo, e de situações extremas, que colocam sua vida em risco, ele descobre que o problema é bem maior do que imaginava.

Novamente, com um desempenho convincente, Justin Timberlake segura, até certo ponto, a barra desta nova empreitada do diretor Brad Furman, que vinha do regular O Poder e a Lei. Porém, aqui, com o fraco roteiro assinado pela dupla Brian Koppelman e David Levien, Furman realiza um trabalho bastante indigesto. Não criando uma linha narrativa constante, que mantivesse o ritmo eletrizante que o longa exigia. Mesmo com um Timberlake envolvido – que já tinha provado ser bom ator em títulos como A Rede Social, O Preço do Amanhã e Alpha Dog –, um Ben Affleck que, sim, está bastante caricato, mas parece se divertir em tela, como uma espécie de rei do crime, ou ainda de uma Gemma Arterton (Byzantium) extramente sensual, a fita não obtém êxito no que se refere a prender atenção da plateia.

Pedestre desde o seu argumento inicial e repleto de buracos – quando alguém com milhões ainda se preocupa em terminar a faculdade; ou do chefão do crime organizado saber que está sendo investigado e traído (em todos os sentidos) embaixo do seu nariz, não faz nada a respeito; e de uma biscate que sempre gostou do luxo e esteve envolvida com bandidos, se apaixonar perdidamente por um adolescente que é capacho de seu antigo, bonito e rico companheiro –, nem mesmo em aspectos mais técnicos como a trilha sonora, que se mostra sem identidade, ou nas tomadas de ação, rápidas e cheias de cortes sem sentido, a obra surte efeito.

Talvez consiga distrair o espectador médio pelo fato de Furman tentar criar certa tensão sobre a conclusão da história – que curiosamente aborda o tema de pirâmide financeira. Um assunto pungente e que merecia ser levado um pouco mais a sério. Em todo caso, esse é mais um daqueles blockbusters sem grandes pretensões artísticas, recheado de astros e que mira somente numa direção: a bilheteria. O troço é assumidamente escapista, estando muito aquém até de filmes medianos como o semelhante Quebrando a Banca, que em vez de pôquer, tinha como jogo citado, o 21.

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