Crítica: O Lado Bom da Vida

ladobomdavida_w“Um filme apaixonante, que emociona e diverte do início ao fim.”

Nos últimos anos o ator Bradley Cooper vem ganhando um bom destaque no cinema norte-americano e vivendo a melhor fase de sua carreira. A primeira lembrança que tenho, é a do personagem canastrão Will Tippin, de Alias: Codinome Perigo. E, sinceramente, não acreditava que aquele sujeito de papel secundário, e que depois foi sacado da série, pudesse se tornar um astro hollywoodiano. Porém, devido ao enorme sucesso da franquia Se Beber Não Case, de qual é um dos protagonistas, ele pode enfim demonstrar seu talento e fincar seu nome no atual cenário cinematográfico.

E agora, com o lançamento de O Lado Bom da Vida - adaptação do livro ainda não lançado aqui no Brasil, Silver Linings Playbook – Cooper impressiona a todos, ao emprestar o seu jeito desleixado ao personagem, sabendo alternar todo tempo o seu humor, se constituindo como a grande evidência desse novo trabalho do interessante cineasta David O. Russell, que vinha do chocante O Vencedor. Quase um extremo do título aqui citado, não pelo drama familiar, que é estreito entre os dois, mas pelo fato de estar perto de ser uma comédia romântica. Com uma linguagem completamente dessemelhante do anterior, que em vez de trazer impacto, emociona pela sua delicadeza e simplicidade.

O grande segredo desse filme está em seus personagens, que são completamente malucos e, ao mesmo tempo, encantadores. E que é acertadamente destacado e aprofundado pelo diretor. O longa conta história de Pat Solitano Jr. (Bradley Cooper), um rapaz que por causa de estranhas atitudes graças ao fim do seu casamento, é afastado do trabalho, da vida social e internado num sanatório. Onde depois ele acaba saindo e vai morar com os pais, no intuito de retomar uma vida normal e reconquistar sua antiga mulher. É aí que ele conhece a bela Tiffany (Jennifer Lawrence), que também é extrema e psicologicamente problemática, e promete provocar mudanças significativas nos planos desse pirado.

Uma dos tópicos mais atraentes da fita é a relação de Pat com o seu pai, vivido de maneira brilhante pela lenda Robert De Niro – que já tinha trabalhado com Cooper no recente Sem Limites, e que também há tempos não nos presenteava com uma atuação que fizesse jus a sua filmografia. Mas que aqui emociona ao criar um sujeito aborrecido e supersticioso, que vive em constante conflito com o filho, em vários aspectos de opiniões. Porém, é sentido pelos gestos e expressões, momentos e ocasiões, o imenso amor emanado entre eles. Algo de fácil identificação e que em dada ocasião pode fazer você se pegar com os olhos emareados.

Ao mesmo tempo a afinidade de Tiffany – interpretada de forma singular por Jennifer Lawrence (X-Men: Primeira Classe), que espantosamente realiza uma das mais fantásticas e excêntricas atuações dessa temporada – e Pat, que parece caminhar bem, rivaliza totalmente com a do seu pai. Colocando o personagem numa tremenda sinuca de bico, o fazendo tomar decisões entre escolher um ao outro. Ainda sobre o casal: É bom deixar registrado a química fabulosa entre os atores. Que é uma delícia e causa ao espectador uma impressão de informalidade, nos deixando mais a vontade, para que embarquemos no romance, sem nenhuma aversão.

Deleitosa também é a narrativa engendrada por David O. Russell, que se preocupa primeiro em desenvolver bem os seus personagens, fazendo com que a plateia se identifique de imediato, e assim de maneira linear, sem muito inventar, possa contar as gostosíssimas aventuras recicladas do opúsculo. Fazendo tudo fluir maravilhosamente bem e de maneira orgânica. Claro, precisamente auxiliado pela competente fotografia de Masanobu Takayanagi (Babel), que utiliza lentes claras, assim como as mentes dos protagonistas da trama. Causando sempre uma sensação agradável.

Tudo é música em ‘O Lado Bom da Vida’, e isso é literal. O experiente maestro Danny Elfman (Batman), profundo conhecedor da música universal, pontua meticulosamente cada passagem fílmica com canções que variam do rock dos anos 70, o jazz e a era dançante dos anos 80. Além de criar uma afetuosa trilha incidental quase que imperceptível. Tornando-se fundamental dentro da narrativa.

É com todos esses e outros elementos que somos positivamente surpreendidos com uma obra apaixonante, que emociona e diverte do início ao fim. Que não tem medo de se assumir como comédia, sendo ela recheada de drama, romance e superação. E como é bom constatar que todos os elogios e prêmios que esse filme vem ganhando tem total sentido e são merecidos. Esta é uma história que com certeza você gostaria de conferir ou mesmo de vivê-la.

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8 comments

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    Edison Michael 1 fevereiro, 2013 at 12:57 Responder

    Sei que é implicar com insignificâncias, eu sei MESMO, mas a tradução escolhida para o título realmente me incomoda: "The Silver Linings Playbook" está mais para "Como Enxergar o Lado Belo de Algo Feio" ou "Regras/Canções Para Quando Tudo Mais Der Errado" e acho que, não esses, mas um título nessas linhas, ainda que muito nerd (e convenhamos, esse é um filme nerd), seria BEM menos genérico para um filme que é especial.

    Mas enfim, eu sei que é exagero da minha parte, mas a raiva é mais forte que eu. Hm… talvez eu seja tão normal quanto as personagens do filme. 😉

    Aliás, ao menos para mim, o que realmente é um deleite nesse filme, especialmente graças as atuações e ao roteiro, é que todas as personagens, inclusive as tidas como 'saudáveis' acabam demonstrando que todos nós somos loucos em pelo menos um, ou convenhamos, em muitos sentidos. ^^

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