Sexta-Feira 13 é uma refilmagem do clássico slasher homônimo, lançado em 2009, 29 anos depois da obra de Sean Cunningham. Além de ser parte do movimento conhecido como o de "Remakes Sombrios", esse acaba sendo uma remontagem de parte da saga conhecida como a mais famosa entre os Filmes de Matança.
O longa-metragem é conduzido pelo experiente diretor alemão Marcus Nispel e tem em Jared Padalecki seu principal chamariz do elenco.
A sinopse é simples e retorna ao básico: mostra jovens sendo atacados no campo, perto do acampamento famoso de Crystal Lake, onde se deparam com o assassino serial Jason Voorhees, em situações terríveis e malignas.
Nesse ínterim o personagem mostra as suas intenções mortais, louva a memória da mãe morta e mescla partes substanciais dos primeiros filmes da saga.
Um dos grandes diferenciais é justamente o protagonista “humano”, Clay Miller, personagem de Padalecki, que vinha da primeira temporada de Supernatural/Sobrenatural, justamente para ser a estrela desse.
Também são mostrados outros momentos famosos da saga, com a maioria desses aparecendo de maneira gratuita e sem contexto plausível, para dizer o mínimo.
A direção coube a Marcus Nispel, com texto baseado nos personagens de Victor Miller. O argumento é do trio Damian Shannon, Mark Swift e Mark Wheaton, roteiro de Shannon e Swift.
Foram produtores Michael Bay, Sean S. Cunningham, Andrew Form e Brad Fuller. Os produtores executivos foram Walter Hamada, Guy Stodel e Brian Witten, enquanto Alma Kuttruff foi a coprodutora.
A ideia original
A proposta original de Mark Wheaton para a New Line era reiniciar a série com uma nova parte cinco, substituindo Sexta-Feira 13 Parte 5: Um Novo Começo, ignorando a obra e tudo o que aconteceu depois, apresentando um prólogo onde Jason testemunha o assassinato de sua mãe.
Os personagens que vêm para Crystal Lake conhecem Jason como fizeram em Sexta-Feira 13, Sexta-Feira Parte 2, Sexta-Feira 3-D e Sexta-Feira: O Capítulo Final. Dessa forma, o personagem ainda não teria contornos sobrenaturais, já que isso ocorreria a partir de Jason Vive, Sexta-Feira 13 Parte 6. A partir daí se referenciaram os visuais de Jason ao longo desses filmes.
Também se nota um cuidado para referenciar o visual dele tanto no segundo filme, onde usava uma sacola com furo nos olhos, para depois mostrar ele com uma máscara de hóquei.Dito isso, é possível afirmar que esse não é uma refilmagem do filme de 1980, sendo assim um resumo das obras lançadas em 1981, 82, 84 além de ter elementos da Parte 5: Um Novo Começo, Jason Vive e um pouco de Jason X.
Victor Miller achava que essa é uma sequência
O roteirista do original, Victor Miller disse que o roteiro foi escrito de tal forma que poderia ser considerado uma sequência em vez de um remake, porque isso significava que eles poderiam pagar menos se o filme fosse qualificado como uma continuação.
Isso explica por que o enredo do filme é mais um amálgama dos quatro primeiros filmes, em vez de uma recontagem do filme original.
Depois disso, Miller tomou medidas legais, porque sentiu que o roteiro que lhe mostraram era mais um remake, mas a história que ele inventou foi condensada nos primeiros minutos do filme, ele perdeu a batalha e recebeu menos verba do que deveria
Ele ficou surpreso algum tempo depois, quando soube que ele foi anunciado como um remake.
Vale lembrar que Victor Miller travava (e ainda trava) batalhas judiciais com Cunningham a respeito dos direitos da franquia, de modo que depois dessa obra, não houve mais obras cinematográficas ligadas a Jason ou a Sexta-feira 13. Não à toa os quatro últimos filmes - Jason Ataca Nova York, Jason Vai Para o Inferno, Jason X e Freddy vs Jason - não tem o nome Sexta-Feira 13 antes.
Essa era para ser uma espécie de armistício entre as partes, não à toa o personagem Clay Miller tem o mesmo sobrenome que ele, mas não houve um acordo entre os antigos amigos, que seguem rivalizando a respeito dos direitos da franquia.
O sobrenome de Clay e Whitney é Miller. Esta é uma referência a Victor Miller, criador da série Sexta-Feira 13 (1980).
Recomendações de Michael Bay ao antigo roteirista
Quando Wheaton ainda estava cogitado para fazer o script, o dono da Platinum Dunes e produtor, Michael Bay recomendou o filme para TV Bad Ronald, de 1974 e o polêmico filme Bad Boy Bubbyde de Rolf de Heer lançado em 1993.
Roteiristas fãs
Damian Shannon e Mark Swift são roteiristas que trabalham sempre lado a lado, estrearam em Freddy x Jason e foram contratados para esse.
Devido a atrasos na feitura, alguns profissionais foram descartados, como Jonathan Liebesman (diretor) e Mark Wheaton, que era para ser o roteirista também.
A dupla faz questão de deixar claro que é fã tanto de Krueger quanto de Voorhees, mas é sabido também que o trabalho deles no crossover foi modificado por David S. Goyer.
A New Line ainda assim ofereceu a eles a chance de apresentar ideias para uma sequência de Freddy vs. Jason, que eles recusaram, já que diziam ter esgotados as ideias para uma parte dois do confronto
Em uma entrevista recente, os roteiristas disseram que se o filme fosse feito hoje, provavelmente teriam cortado a maioria das cenas de sexo e teriam que adicionar mais nudez masculina, como depois fariam na adaptação para o cinema de SOS Malibu.
Jason territorial
Ainda segundo Shannon, Jason foi pensado como um caçador territorial nessa versão, como alguém que não mata pessoas ao acaso, mas defende seu território de qualquer um que o invada, e isso da maneira mais horrível possível.
Nispel afirma da mesma forma que o filme mostra novos aspectos da personalidade de Jason. Derek Mears diz que sua representação de Jason é inspirada no personagem-título de Rambo - Programado Para Matar.
A obra foi lançado no fim de semana do Dia dos Presidentes em fevereiro de 2009, em uma sexta 13.
A obra arrecadou um valor considerável sendo uma das maiores estreias de um filme de terror, no entanto caiu bastante em em seu segundo fim de semana de exibição.
Houve uma premiere em 9 de fevereiro de 2009 em Los Angeles, California. No Brasil chegou em 13 de fevereiro de 2009;
O título original é, evidentemente, Friday the 13th. Na Argentina é Viernes 13. No Canadá é Vendredi 13 ou Vendredi 13: Montage d'enfer. Na China é Shi san hao xing qi wu. Na Croácia é Petak 13, na Itália é Venerdì 13 e em Portugal se chama como no Brasil.
O cartão de título do filme demora a aparecer, surgindo apenas após a abertura e o primeiro prólogo, com quase 25 minutos de filme, sendo assim, tem um dos prólogos mais longos do cinema, até por conta de unir dois desses.
O cenário do filme dessa vez é em Nova Jersey, assumidamente, ao contrário dos outros, que não evidenciavam isso. Essa é uma homenagem ao filme original sendo filmado em Nova Jersey.
Vale lembrar que a localização de Crystal Lake sempre foi um mistério, a parte 9, Jason Vai Para o Inferno, dá a entender que é Connecticut.
As filmagens principais foram encerradas na sexta-feira, 13 de junho de 2008. iniciadas em abril do mesmo ano.
Este foi rodado no Texas, principalmente em Austin. Também gravou em Marshall, Bastrop, em 1370 Chestnut Street, Bubba 's Country Store-11606 FM 1826, 1190 Red Hawk Road em Wimberley, Round Rock, La Grange e nos Austin Studios - 1901 E. 51st Street.
Essa foi a primeira coprodução da New Line Cinema com outro grande estúdio, em que um estúdio distribuiu nos Estados Unidos e Canadá e o outro - a Paramount - em todos os outros países.
A Paramount detinha os direitos da série depois que o original foi lançado em 1980, mas vendeu para a New Line no início dos anos 1990, após fracos retornos de bilheteria da franquia.
A New Line comprou os direitos dos personagens Jason Voorhees e Pamela Voorhees, o nome Crystal Lake e a marca registrada do título Friday the 13th. Todas as filmagens dos primeiros oito filmes e os direitos de remake do primeiro filme permaneceram propriedade da Paramount.
Quando Platinum Dunes decidiu desenvolver esse novo filme, queriam a liberdade de usar cenários e personagens dos filmes, que eram propriedade da Paramount e após uma disputa judicial, as empresas decidiram coproduzir o filme de 2009.
Além desses, também foram estúdios coprodutores a Crystal Lake Entertainment e Sean S. Cunningham Films. No Brasil a distribuição foi da Paramount.
Tarantino
Antes da Platinum Dunes assumir o controle da refilmagem, vários meios de comunicação afirmaram que Quentin Tarantino estava escalado para escrever e dirigir um filme de Sexta-Feira 13 com o título provisório de The Ultimate Jason Voorhees Movie, isso em 2005.
Dias depois, cineasta negou essa informações, disse apenas que conversou com a New Line sobre a possibilidade.
Diretores cogitados
Antes de Nispel assumir, foram cogitados alguns nomes, como John Moore, que fez o remake de A Profecia e Max Payne foi cogitado. Outra figura que quase assumiu a direção foi Jonathan Liebesman, de O Massacre da Serra Elétrica: O Início. Samuel Bayer, que faria no ano seguinte A Hora do Pesadelo, recusou a oferta para dirigir.
Quando assumiu o filme, Nispel buscou atender as demandas dos fãs, tentando mostrar em tela o que eles gostariam de ver, ou seja, tentou resgatar o que funcionava nos filmes anteriores, curiosamente foi o exato oposto do que buscou Adam Marcus em Jason Vai Para o Inferno, já que ele evitou fazer uma historia básica de perseguição a jovens em um acampamento.
Quem Fez
Nispel tinha um passado ligado a produção de videoclipes. Fez trabalhos de direção com artistas como Cher, George Michael e a banda Faith No More. Este é o segundo remake de um clássico filme de terror, já que seis anos antes, ele fez O Massacre da Serra Elétrica, também feito pela Platinum Dunes, além de ter feito uma versão de Frankenstein em 2004.
Daniel Pearl, o cinematógrafo desse, afirmou que Nispel só aceitou fazer Sexta-Feira 13 depois que Desbravadores: A Lenda do Guerreiro Fantasma fracassou nas bilheterias. Curiosamente, ele ainda faria Conan: O Bárbaro anos depois, que foi um remake que também sofreu com críticas negativas.
Victor Miller escreveu Here Come the Tigers, Manny's Orphans, Alguém me Espia nas Trevas, todos filmes conduzidos por Cunningham. Ele é creditado como criador da série, na maioria dos filmes Sexta-Feira 13..
Shannon e Swift escrevem em dupla quase sempre. Foi assim em Freddy x Jason, nesse e em Baywatch: S.O.S. Malibu. Foram produtores executivos em Sentimentos Mortais e Eu Amo Shakey.
Wheaton escreveu Fogo Mortal, Os Mensageiros, Infectador: A Invasão Vai Começar.
Fuller e Form produziram muitos filmes através do estúdio Platinum Dunes. Os mais conhecidos foram o remake de A Hora do Pesadelo, Uma Noite de Crime e suas sequências, As Tartarugas Ninja, Um Lugar Silencioso e Apartamento 7A. Michael Bay produziu os mesmos filmes com os outros dois, no entanto é lembrado mais como diretor, fez Bad Boys, Transformers, Sem Dor, Sem Ganho, Esquadrão 6, Ambulância: Um Dia de Crime etc.
Cunningham fez muita coisa, das última obras que produziu estão Freddy x Jason, esse, A Última Casa. Foi diretor do primeiro Sexta-Feira 13, Abismo do Terror e XCU: Extreme Close Up.
Jared Padalecki fez Gilmore Girls: Tal Mãe, Tal Filha, A Casa de Cera, Cry Wolf: O Jogo da Mentira. Além de Supernatural protagonizou Walker.
No hiato de Sobrenatural, Padalecki e seu companheiro Jensen Ackles, estrelaram dois remakes de filmes de terror dos anos 80, com Jared fazendo o filme analisado e Jensen fazendo Dia dos Namorados Macabro 3D.
O novo Jason
Mears fez personagens famosos em Predadores, Alita: Ano de Combate e Monstro do Pântano como o personagem título. Ele é o nono ator a interpretar Jason adulto na série, seguindo Steve Dash, Warrington Gillete, Richard Brooker, Ted White, CJ Graham, Tom Morga, Kane Hodder (único ator que interpretou o personagem mais de uma vez, com quatro filmes) e Ken Kirzinger.
Adrienne King e o possível retorno
Adrienne King, estrela do filme original de 1980, foi abordada pelos produtores Andrew Form e Brad Fuller para fazer uma participação especial, isso ainda durante a pré-produção, mas o convite foi recusado, ou melhor, retirado, logo depois.
Os produtores ligaram de volta e disseram que não queriam que ninguém do filme original aparecesse no remake.
A luz verde
Quando o remake estava sendo escrito, Bay queria ver as páginas para ver como o roteiro estava indo. Ele leu as primeiras 20 páginas, que é a sequência de abertura até o título aparecer, foram escritas na época.
Quando Bay leu a cena do saco de dormir, ele deu autorização para que o filme começasse imediatamente, uma vez que gostou da cena citada. Bay determinou que o filme fosse rodado em Panavision anamórfico e este é o único filme da série a ser rodado nesse formato.
Nudez e classificação indicativa
Na versão de cinema a classificação foi de NC-17 por violência brutal e sangrenta e sexualidade explícita. Segundo os produtores, o público-teste sentiu que havia muito sexo e nudez. Então, os cineastas decidiram cortar a cena mais sensual, para a versão para cinema.
Foi dito na época, que Michael Bay abandonou a estreia do filme, afirmando que o filme apresentava muito sexo, mas isso não foi confirmado, ficando mais no campo dos boatos do que dos fatos.
Corte de cinema x Killer Cut
A versão de cinema tem 97 minutos de duração, enquanto a versão estendida, conhecida como Killer Cut tem 106 minutos, o que se levado em consideração, tornaria este o mais longo da franquia, maior até que o oitavo filme.
As diferenças se dão em extensão de algumas mortes e algumas justificativas mais plausíveis para o método de fuga e locomoção de Jason.
Presença de Tommy Jarvis
Durante algum tempo, se cogitou trazer Tommy Jarvis como personagem. Os produtores Brad Fuller e Andrew Form confirmaram que ele seria o antagonista de Jason.
Havia uma ideia de incluir ele até em Freddy x Jason, como protagonista, mas como isso não ocorreu, se pensou em colocar nessa refilmagem. Não fica claro se Clay Miller teve alguma inspiração em Jarvis.
Continuação
Uma sequência foi anunciada após o lançamento desse nos cinemas, mas depois de um ano sem notícias sobre uma possível continuação, o produtor Brad Fuller confirmou por meio de sua conta no Twitter que não ocorreria uma "parte dois".
Outra ideia de continuidade estava prevista para ser lançada em outubro de 2017, chegou a entrar até em pré-produção, mas em fevereiro de 2017 foi anunciado que a Paramount havia encerrado o projeto para seguir em frente, mas o filme de terror Mãe! de Darren Aronofsky fracassou nas bilheterias e ajudou a engavetar esse projeto.
Narrativa
O filme começa de uma forma singular, tentando inovar na hora de mostrar suas cartelas de estúdios, já que os logos de New Line, Paramount e Platinum Dunes aparecem avermelhados, como se fossem encharcados de sangue.
Curiosamente esse seria o artigo mais criativo e espontâneo da obra, todo o resto é uma tentativa fracassada de inovar e requentar.
Já no início mostra uma data específica, começando a ação em um 13 de junho de 1980, uma sexta. Aqui há um filtro, que torna a cinematografia de Pearl em preto e branco.
A imagem não é bonita, ao contrário, é artificial e saturada. Nela aparece a icônica Nana Visitor, atriz lembrada por um papel central em Deep Space 9, uma série de Jornada nas Estrelas.
Ela faz Pamela Voorhees, dublada por Kathleen Garrett (de O Gângster e Shark). Sua ação consiste basicamente em tenta matar uma monitora, mas ela não tem muito sucesso.
Por mais que o filme não tenha grandes novidades, deixamos aqui o aviso de spoilers, uma vez que falaremos sobre alguns segredos da narrativa.
O aviso está dado.
Nessa ação Pamela mostra ser bem menos eficiente e fria que a sua versão original. Se Betsy Palmer foi a assassina inaugural e astuta que inspirou Jason, aqui Pamela é incompetente, só aparece para ser decapitada por uma monitora equivalente a Alice.
É dado que ela obviamente matou os jovens monitores, mas não é mostrado nada, sequer é mencionado.
A conselheira loira que está na cena de abertura não tem nome, apenas creditada como "Conselheira do acampamento". Ela é interpretada por Stephanie Rhodes e não há nenhuma menção do que ocorre com ela depois desse trecho.
Curiosamente, esse também é um filme que na prática, não mostra o acampamento de Crystal Lake ativo.
A segunda apresentação
Quando a cor retorna, aparece um grupo de jovens.
Um dos jovens desanda a contar uma história, que parece uma lenda urbana mas é na verdade uma exposição da origem de Jason.
Um assassino se esconde na mata, fica bem claro que é Jason desde o início e por ironia, ele curiosamente mata primeiro o rapaz crédulo, de óculos, chamado Wade (Jonathan Sadowski) o mesmo que contou a sua história.
Mears é grande demais, tem um visual imponente, parece um lutador de artes marciais, de tão grande que é. Ele é um ator de filmes de monstros, fez até lobisomens em alguns filmes, como em Amaldiçoados. Também é lembrado por ser um dos caipiras malvados em Viagem Maldita.
Ele tinha quase dois metros de altura, com 1,96m. Para efeito de comparação, Kane Hodder tinha 1,89 e tinha 1,96m também.
Mais brutal...também mais óbvio
Nispel abriu mão de qualquer sutileza.
Se no primeiro filme havia suspense esse não. Ele é explícito, mostra armadilhas de urso pela mata, que ajudam a capturar os jovens, mostra a cama de Jason, também o altar e até a cabeça de sua mãe.
Ao explorar a casa Voorhees é feito o comentário de que os itens são de outro século. Como o filme original foi de 1980 e esta sequência é de 2009, é tecnicamente verdade que os itens são de outro século, afinal, essa parte parece ser próxima do terceiro momento.
Armas de CGI
Outro aspecto que chama a atenção é que boa parte das armas são apresentadas em efeitos digitais. Esse foi o primeiro filme da franquia a usar armas de CGI, inclusive armas brancas como o facão/machete de Jason.
Haviam cenas arriscadas para serem filmadas com armas auxiliares que poderiam quebrar e ferir alguém. Isso fez o efeito envelhecer mal.
A Asylum criou as armas digitais, que são utilizadas nos embates com Nolan, Lawrence e no momento final com Trent. Foram criados flechas, machadinhas e uma ponta de metal que irrompe no peito de um personagem, na traseira de um caminhão de reboque.
O último epílogo: Jovens sendo jovens
Depois que todo o primeiro grupo morre - nem todos, na verdade, mas isso só seria descortinado depois - outro pessoal aparece. Próximo deles está Clay, que procura sua irmã perdida, Whitney (Amanda Righetti) que estava junto aos jovens inicialmente mostrados.
Os personagens jovens são genéricos, só querem beber, fumar maconha e transar.
Como é de esperar, eles não são memoráveis. exceto talvez o piadista Lawrence (Arlen Escarpeta) que é um personagem de pele negra, que adora fazer piadas de cunho racial, brincando ironicamente com os clichês ligados a personagens pretos.
Esse é um comentário metalinguístico legal. Talvez o único, certamente é o mais afiado.
Curiosamente Sadowski era bastante amigo de Ben Feldman que fez Richie. Eles foram escalados por causa de seu relacionamento natural, depois, convenceram seu amigo Aaron Yoo a aceitar um papel, embora ele estivesse relutante. Esse último só foi escalado para o papel de Chewie bem perto do começo das filmagens. O papel caberia a David Blue.
Também se destaca a compreensiva e virginal Jenna, ´personagem de Danielle Panabaker, que anos mais tarde, também faria uma série da CW, no caso, The Flash. Ela é namorada de Trent (Travis Van Winkle) um playboyzinho chato, insuportável, que convidou todos para a casa de seus pais.
Ela é uma personagem criada para parecer a garota final, embora haja uma surpresa quanto a isso.
Já o rapaz é mostrado como alguém chato e insuportável, milimetricamente montado para ser uma figura de ódio, embora as suas broncas aos amigos façam sentido, já que eles espalham cerveja por madeira e por vários lugares. Ainda assim, eles não parecem um casal de verdade.
Vale lembrar que esse personagem, chamado Trent DeMarco, apareceu dois anos antes no Transformers de Michael Bay e segundo o próprio diretor do blockbuster, trata-se do mesmo personagem, revelando que tanto este filme quanto aquela franquia ocorrem no mesmo universo.
Sobre Jenna, Scout Taylor-Compton, que fez Laurie Strode em Halloween: O Início, fez o teste para esse papel. Jennifer Sciole também fez o teste para o papel. Segundo a atriz Moran Atias, Sciole desistiu de fazer o filme por conta de ter sido convidada a fazer coisas que não estavam no roteiro. Atias foi originalmente escalada, mas também teve que ser substituída no início das filmagens.
O "herói"
Clay funciona como um herói misterioso. Desde que entra em cena parece diferenciado. Ele passeia por Crystal Lake de motocicleta (uma belíssima Royal Enfield Bullet 500 Standard 1995) encontra locais, atrapalha filas de estabelcimentos, mostrando a foto de sua irmã sumida.
Os personagens que ele encara são todos caricatos, a maioria meio escrota, tão misantrópicos quanto os que habitavam o Texas do remake que Nispel conduziu em 2003, inclusive há uma idosa que diz que a menina morreu, mesmo sem saber quem ela era.
A ideia é dar uma aura de desesperança, mas fica parecendo só maldade gratuita.
Em outro ponto, outro sujeito simplesmente oferece erva para ele, já que ele encontrou uma plantação de maconha ali perto. Além disso, esse segundo personagem ainda demonstra que transa com uma manequim indefesa. As pessoas são tratadas como caipiras podres, mesmo sendo de Jersey, uma região próxima da principal metrópole do continente americano.
Outro momento pitoresco é que Jason rouba dele a máscara, sendo assim é quase que um revide, já que ele rouba erva do assassino. O filme deixa no ar a possibilidade de ser Voorhees quem cultiva a maconha, ou ao menos é próximo do local onde ele mora, dessa forma, é parte do seu território.
O visual de Jason
O responsável pelo design do assassino foi o artista de efeitos Scott Stoddard que trabalhou nos departamentos de arte em Stargate, The Mandalorian e Guardiões das Galáxias Vol.3.
Ele criou o visual de Jason. Segundo ele, o rosto é uma combinação do design de Carl Fullerton para Sexta-feira 13 Parte 2 misturado ao design de Tom Savini para Sexta-feira 13: O Capítulo Final.
A visão de Stoddard sobre Jason incluía queda de cabelo, erupções cutâneas e as tradicionais deformidades em seu rosto. Ele tentou criar um design único, monstruoso, mas que ainda assim permitisse mostrar um lado mais humano de Jason.
Maquiagem de Mears
Mears foi obrigado a usar maquiagem de corpo inteiro, do peito para cima, enquanto atuava.
O ator usava uma placa torácica com pele falsa que se ajustava aos movimentos musculares.
Ele também usava uma corcunda nas costas para dar a impressão de que Jason tinha cifose, além de uma prótese ocular foi colada no rosto dele para mostrar movimentos oculares realistas.
Stoddard passou 3 horas e meia aplicando a maquiagem na cabeça e no torso do ator, mas conseguiu reduzir o tempo necessário para pouco mais de uma hora para cenas em que Mears usava a máscara de hóquei.
Nas cenas em que o rosto de Jason é revelado, foram necessárias aproximadamente 4 horas para aplicar a maquiagem.
As mortes e a apelação
Era bastante comum entre os filmes de Sexta-Feira 13 mortes gratuitas e tolas. Vale lembrar que em Sexta-Feira 13 Parte 5: Um Novo Começo havia uma regra de um homicídio a cada oito minutos.
Nesse não há tanta pressa, mas há momentos bem toscos, como a morte de Nolan (Ryan Hansen) que se exibe no barco de Trent - o mesmo que o playboy mandou ele não usar - junto a sua namorada Chelsea (Willa Ford) que fez topless no momento em que pratica wakeboard.
Ford disse que não queria filmar a cena com os peitos nus, mas quando gravou disse que foi incrível e até libertador.
A atriz teve 10 dias para aprender aprender a praticar wakeboard. Também disse que o esporte em si não era tão estressante quanto ter que fazer topless.
Nolan leva uma flechada na cabeça, depois atropelou a moça, que até sangrou, provavelmente por um impacto craniano. Curiosamente ela não sente grandes dores depois, ainda se esconde de maneira burra, para ser acertada por Jason com um facão enfiado na parte alta da cabeça, atravessado pela madeira do cais.
Jenna troca de par
Sem muita cerimônia, Jenna deixa de lado seu namorado e passa a andar com Clay. Ela faz isso basicamente por se sentir atraído pelo espírito cuidador do sujeito, anda de maneira tão próxima que seu namorado se sente à vontade para flertar com outra menina.
Os dois chegam perto da onde está Whitney e é mostrado que Jason usa túneis, a fim de se locomover, sendo essa a explicação plausível para o fato dele ter poderes de teletransporte (ou quase isso).
O autor da ideia dos túneis
O remake abordou a ideia de que Jason viajava por uma série de túneis subterrâneos. Esse conceito estava no roteiro original de Wheaton, mas Mark Swift e Damian Shannon afirmaram nunca ter lido o roteiro dele até o filme terminar, tendo tido a mesma ideia sobre os túneis por conta própria.
De qualquer forma essa é das ideias mais esdrúxulas do filme, visto que é uma explicação desnecessária, que jamais foi necessária, além de jamais ter causado curiosidade de fato sobre como o matador se movimenta.
Para a maioria dos fãs, é mágica e ponto, algo inexplicável e até charmoso.
Quanto à plantação de maconha, que Jason "usa" para atrair adolescentes, aparentemente nenhum escritor pode reivindicá-la como sua. De acordo com Swift e Shannon, essa foi na verdade ideia do diretor desde o início do processo de desenvolvimento e era trabalho deles incluí-la no roteiro.
Duas dúvidas
Quando a trama se desenrola, algumas incógnitas se instauram.
A primeira é por que Jason deixou uma vítima viva, em bom estado - ela está bonita, bem alimentada, com cabelo hidratado, sem nenhum arranhão, ferida ou cicatriz. Além disso, convenientemente, é de todos os personagens do tomo dois a única que possui um parente (no caso, o irmão) com histórico de perda grande o suficiente para ir atrás dela. Qual o motivo para logo ela estar viva?
A segunda é sobre a necessidade de tudo explicar, de mastigar até detalhes sórdidos, como a forma que Jason se locomove. Quem entre fãs de terror, do personagem ou da franquia teria curiosidade a respeito disso?
Essas perguntas são tolas, revelam as fragilidades do roteiro, demonstram que não há muita substância ali.
Os roteiristas queriam que a contagem de corpos de Jason no filme fosse de apenas 13, como um easter egg para os fãs. Swift e Shannon revelaram que foi trabalhoso arrumar treze pessoas para morrer, marca essa que igualou O Capítulo Final e só foi superada por Jason Vive, que também teria 13 mortes, mas foi aumentada para 18 depois que o produtor executivo Frank Mancuso Jr. o forçou a refazer algumas filmagens para aumentar a contagem de corpos para 18.
A razão para que Whitney tenha sido poupada tem a ver com o fato dela ser parecida com Pamela, mas o detalhe maior é que as atrizes sequer se parecem.
Enquanto Jenna e Clay são perseguidos, Trent não consegue curtir, fica olhando para o lado de fora, esperando Jenna, reclamando dos amigos quebrando itens e móveis antigos da casa, enquanto todos os outros bebem.
No meio dessa festinha, há uma estranha e inesperada referência a Veludo Azul do diretor David Lynch, já que um dos meninos argumenta que a cerveja Pabst Blue Ribbon é melhor que a Heineken. Essa foi uma citação do personagem de Dennis Hopper (Frank Booth) ao personagem de Kyle MacLachlan (Jeffrey Beaumont) que tem uma conversa semelhante, onde o primeiro sugere que Pabst Blue Ribbon é melhor.
A cena de sexo
Há uma cena de sexo bem peculiar durante o filme, envolvendo Trent e Bree, interpretada por Julianna Guill.
Primeiro, chama a atenção que a menina precisa insistir bastante para ele topar transar com ela, segundo, é curioso que ele faz elogios pouco usuais ao seu corpo, falando bem até de simetria dos seus mamilos, adjetivando-os de uma maneira que não parece ser a de uma pessoa comum. Ele é bem peculiar.
Mas o que mais chamou a atenção é que demorou de 10 a 12 horas para filmar a cena. Guill estava um pouco ansiosa por estar nua, mas depois de uma conversa com seu colega de elenco, ela se sentiu relaxada e não se importou em filmar cenas adicionais.
Jillian Murray (Garotas Selvagens 4 e Cabana do Inferno 3) foi inicialmente escalada como Bree, mas decidiu deixar o projeto, então Guill assumiu o papel de última hora.
A forma como a cena ocorreu foi pensada de forma diferente. Bree deveria colocar sua câmera de vídeo na beira da cama para filmar, mas antes de rodar a cena, Julianna sugeriu que ela segurasse a câmera de vídeo com uma das mãos para torná-la mais atrevida. O diretor gostou da ideia e decidiu aproveitá-la.
O que foi refilmado?
Como dito antes, esse serve quase como uma amalgama de vários filmes da série de Jason e Pamela Voorhes, sendo assim uma espécie de greatest hits. Destacamos alguns dos momentos icônicos, repetidos em tela.
A cena de abertura onde a Sra. Voorhees é morta refere-se aos acontecimentos da Sexta-Feira 13, o oficial Bracke é pregado em uma porta com uma flecha no olho, assim como Bill no mesmo filme, além de ter no final desse um susto final, com Jason saltando para fora do lago.
Nos túneis, aparece um suéter, que lembra o de Pamela no primeiro, além de uma bicicleta, que parece a de Crazy Ralph.
A lenda dos assassinatos do acampamento de Crystal Lake é contada como uma história de fogueira em Sexta-Feira 13 - Parte 2, Jason considera brevemente usar um saco de estopa como máscara, como nessa parte. Mike e Whitney descobrem uma cabana abandonada com um santuário contendo a cabeça decapitada da Sra. Voorhees, tal qual nesse segundo filme. Whitney se passando pela Sra. Voorhees também vêm de cenas semelhantes a este filme.
Durante a passagem nos túneis, aparece uma cadeira de rodas que provavelmente é uma referência ao personagem Mark (Tom McBride) um paraplégico que foi morto por Jason em Sexta-feira 13, Parte 2.
Tanto em Sexta-Feira 13 - Parte 3 quanto neste Jason corta a garganta de um homem e depois encontra uma máscara de hóquei, que usa como rosto. Também há momentos de sobreviventes enfrentando Jason em um celeiro, onde pessoas tentam enforcá-lo com ferramentas grandes, mas sem sucesso.
O grupo de amigos que chega a uma casa de verão para festejar se reunindo com o irmão de uma vítima parece com o plot de Sexta-Feira 13 - Parte 4: O Capítulo Final, no filme, eles conhecem Rob, que buscava vingar sua irmã Sandra, morta por Jason na Parte II, aqui ele só está procurando uma pessoa desaparecida, ele não sabe da existência de Jason. Clay é agarrado por pelo vilão que pula pela janela, tal qual ocorreu com Tommy Jarvis na Parte IV e Bree é jogada pela janela em um carro, como Tina do mesmo filme.
Uma morte envolve Jason rasgando uma barraca e matando uma garota em um saco de dormir, lembrando Sexta-Feira 13 - Parte 7: A Matança Continua, nessa parte sete também há um momento onde Jason entra e mata um adolescente em um galpão de ferramentas, além do final desse, onde um morto salta do lago por um píer para agarrar um dos sobreviventes, embora aqui, seja um sonho.
A máscara de Jason flutua até o fundo de um lago, como em Jason X.
Os momentos finais
Jenna e Clay chegam a cabana, denunciam que há um assassino à espreita e ação dos jovens, inclusive os flertes entre eles, que são tão desimportantes, que Jenna dá de ombros para a traição de Trent.
Inesperadamente Jenna e Clay encontram a irmã perdida, por acaso, buscando a rota de Jason.
Mesmo com a perseguição - e com mortes inesperadas - os momentos finais são menos impactantes. As mortes são mais genéricas, ainda mais se considerar como Jenna cai. Trent perece de maneira mais agressiva que sua namorada, cuja morte é muito mais moderada e sem graça.
Os irmãos sobrevivem, lutam com Jason, que antes e depois de sua morte, apela para clichês, como entrada pela janela, despertar por um cordão mágico (referenciado até em Uma Natureza Violenta) e um ataque surpresa no final, que imita os finais da trilogia inicial, quando personagens moscavam.
Em outro rascunho do roteiro, Jenna foge com Clay e Whitney, desfrutando de um longo momento de paz enquanto eles se escondem. Depois de fazer uma piada sobre esperar que seu segundo encontro com Clay fosse melhor, depois disso, Jason apareceria para matá-la com um extintor de incêndio.
Esse final foi descartado por não ter orçamento suficiente para fazer isso, no entanto.
Sexta-feira 13 de Marcus Nispel é apelativo, exacerba as regras estabelecidas em O Massacre da Serra Elétrica. Abusa de imagens saturadas e do tom sépia na fotografia. Consegue ser um dos remakes sombrios menos mal feitos, mas peca em diversos aspectos, especialmente por parecer genérico e sem personalidade.