Review: Arrow S02E02 - Identity

A jornada para Oliver Queen se tornar um herói parece ser tão árdua quanto à anterior, de tentar limpar a cidade de figuras específicas. Arrow tem trabalhado isso muito bem neste início de temporada, fazendo o milionário e seu alter ego enfrentarem vilões bem distintos. Essa é a premissa de Identity, segundo episódio da nova temporada do seriado, que continua a trama de forma sólida, embora enfraqueça um pouco a narrativa com alguns elementos tolos e desnecessários.

A história começa com Oliver tentando encontrar uma forma de saber como ajudar a cidade sendo o Arqueiro. Antes ele tinha uma lista de nomes que facilitava o serviço, mas se seu objetivo é defender a população, sua área de atuações precisa ser ampliada e é aí que entra a figura de Roy Harper. O garoto, obcecado pelo vigilante esmeralda, continua suas noites de patrulha e agora tenta impedir o roubo de equipamentos médicos perpetrado pela Tríade, sob o comando de China White. É claro que a tentativa de enfrentar os vilões é em vão, levando a uma série de eventos que chamam a atenção de Queen para o problema. O assalto não fora o primeiro e vários carregamentos que deveriam ir para os hospitais do Glades não estão chegando aos seus destinos. Stephen Amell não é um grande ator, mas consegue passar muito bem suas intenções em cena. Por isso, quando se encontra com Roy e observa o namorado de Thea, não é preciso nenhum diálogo expositivo para o espectador compreender o interesse de Oliver em agregar o rapaz para sua causa nobre. E isso vindo de um seriado do CW, é motivo de comemoração. Aliás, essa subtrama, que outros roteiristas teriam optado por alongar mais um pouco, tem um grande desenvolvimento neste episódio mesmo, em seus minutos finais.

Enquanto tenta descobrir quando será o próximo roubo, é a identidade secreta de CEO das Consolidações Queen que precisa sair da apatia. O protagonista, no primeiro ano, sempre escondeu suas atividades noturnas fazendo o papel de playboy desinteressado, mas agora, graças à mancha que paira sobre seu nome, Oliver tenta ajudar Starling City também durante o dia, usando sua influência e fortuna (ao menos enquanto ele tiver ambas). Para isso, tenta se aproximar do novo "herói" local, o vereador Sebastian Blood, interpretado por Kevin Alejandro (o Jesus de True Blood), um político que nutre um ódio pela classe alta da cidade, já que estes nunca moveram um dedo para ajudar os mais necessitados. Pelo menos é isso que o seriado quer passar, mas sua cruzada para sujar mais ainda o nome de Oliver e as placas carregadas pela população dos Glades pedindo Blood para prefeito, podem indicar aspirações obscuras por parte do personagem. Arrow, nesta segunda temporada, parece ter encarado um, necessário, viés político. É muito interessante a construção deste cenário e tomara que não abandonem a ideia, já que, se a intenção é uma abordagem "realista", é impossível analisar uma cidade corrupta sem incluir as instituições públicas na trama.

Em meio a todas essas subtramas, no arco principal do episódio, o seriado introduz um novo vilão. Tigre de Bronze, vivido por Michael Jai White, surge como uma espécie de segurança da Tríade e, assim como quase todos os antagonistas da série, não aparece tanto quanto o espectador gostaria, nem tem nada de sua história revelada. Esse problema, latente na primeira temporada, Arrow não parece ter vontade de corrigir. Tudo bem, a série quer dar ênfase nos personagens principais e usa os bandidos apenas como elementos de desordem, mas falta muita coisa para essa estrutura funcionar. Principalmente uma motivação. E, se este é o problema dos vilões, por não ser abordada, é também o problema de Laurel. O que faz a moça mudar de lado e passar a perseguir o Arqueiro é uma bobagem enorme. A justificativa da personagem, em momento algum convence, até porque não faz o menor sentido. É um motivo tão egoísta que chega a ser uma afronta, fazer o espectador engolir a explicação, totalmente incoerente com a índole da ex-advogada e agora assistente do Promotor. Aliás, é normal que pessoas da posição da moça acompanhem a polícia em batidas? Talvez o roteiro tenha forçado um pouco a barra em uma das sequências do episódio, colocando Laurel ao lado da SWAT e oficiais da SCPD enquanto tentam efetuar a prisão do Arqueiro.

Outro momento de "vergonha alheia" neste episódio vem dos flashbacks na ilha. Enquanto a trama no passado se desenvolve bem, com a descoberta de uma caverna cheia de corpos de soldados japoneses da Segunda Guerra, o espectador é confrontado com a ideia de um triângulo amoroso entre Shado, Oliver e Slade. É tolo, quase infantil, e pertence a séries para pré-adolescentes. Não fica bem ver o Manu Bennet fazendo cara de ciúmes, como se estivesse no pátio do colegial, vendo a garota que gosta beijando seu melhor amigo. Por outro lado, a descoberta desse local oculto leva a pensar se a Liga dos Assassinos, cuja aparição foi confirmada neste segundo ano, cameçará sua participação no passado para depois evoluir no presente.

Assim, acertando mais do que erra, este segundo episódio de Arrow avança bastante a trama, movendo os personagens além do esperado, principalmente pelo gancho deixado para a próxima semana. Com ótimos momentos de ação e com destaque especial para a direção de fotografia, cada vez mais a vontade em abusar da granulação em cenas escuras, o seriado do herói da DC não dá sinais de cansaço, apenas de uma leve preguiça dos roteiristas em oferecer algo mais convincente em algumas subtramas. Por outro lado, se conseguirem amarrar tudo de forma satisfatória no futuro, esses problemas acabarão ficando para trás, como ficaram alguns do primeiro ano.

Alexandre Luiz

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