Os primeiros minutos da nova temporada de Arrow mostram o trabalho de uma equipe segura, que sabe muito bem o que está fazendo depois de três anos de experiência. Bem, isso poderia se referir à excelente cena de ação protagonizada pelo “Time Arqueiro”, mas são os produtores, roteiristas e responsáveis pela série em geral que estas linhas elogiam. Depois de todo este tempo, é incrível como Arrow ainda consegue evoluir, mostrando fôlego não apenas para mais um ano de aventuras, mas para quantos mais tiverem que vir pela frente.
É gratificante ver todo o trabalho de crescimento dos personagens se justificar em uma sequência cuja função é estabelecer a atual fase de Oliver e Cia, assim como a capacidade do grupo trabalhar em conjunto. São nestes primeiros momentos que o tom da temporada se aflora, com os heróis fazendo peripécias nunca antes mostradas, especialmente Roy Harper, agora devidamente uniformizado. Em outra ocasião, no terceiro ato do episódio, a dupla de capuz atua em conjunto novamente, em uma dinâmica incrível, algo que parece extraído diretamente de uma página de quadrinhos. A mídia de papel parece estar ainda mais presente nesta estreia, com direção de fotografia e equipe de arte carregando em cores vibrantes, deixando tudo um pouco mais estilizado do que o normal do programa, que sempre pendeu para o lado realista e pé no chão. Mas, como na temporada passada os heróis enfrentaram seres superfortes e passaram a fazer parte de um mundo onde acidentes com produtos químicos e relâmpagos podem dar poderes ao mais comum dos humanos, nada mais justo agora, abraçar o “absurdo” (com direito a um arco tecnológico impossível de ser adquirido por alguém que está totalmente falido).
Depois de derrotar Slade, Oliver Queen está finalmente seguro com sua dupla identidade, limpando Starling City dos criminosos que sempre a assolaram. O Capitão Lance (sim, ele foi promovido) agora comanda uma polícia que não mais persegue o Arqueiro. Enquanto isso, uma parcela da população ainda questiona seus atos, claro, o que deve trazer ramificações no futuro. Sim, porque o nome do episódio é bem claro ao fazer referência à “calmaria antes da tempestade”. Até por isso, a ameaça do novo Vertigo (Peter Stormare, divertido como sempre) pode soar um tanto “comum”, mesmo com o personagem realmente trazendo um tom de perigo para os protagonistas. A nova encarnação do vilão é responsável por controlar uma versão modificada da droga Vertigo, agora destinada a aflorar o maior medo do usuário. Sim, é uma cópia do Espantalho assim como seu predecessor era do Coringa. Incomoda um pouco, até porque o Conde é um vilão importante nos quadrinhos e poderia ser mais bem utilizado ao invés de se tornar uma versão genérica de outro personagem.
Apesar das ótimas cenas atuando com o Arqueiro, Roy desaparece logo após a sequência inicial para apenas retornar no clímax da trama, em um descarte estranho do personagem. Tomara que isso não se torne constante, para que não fique a sensação que Arsenal é apenas um Deus Ex Machina, que aparece apenas quando necessário. Por outro lado, é dado um certo destaque a Diggle, agora se preparando para aquele que pode ser seu maior desafio: ser pai. Onde essa nova "função" se encaixa em seu papel como ajudante de herói?
O que importa na estreia da terceira temporada, no entanto, é a promessa de um futuro sombrio. Quando tudo parece estar indo bem, Oliver decide dar um passo além para tentar uma vida normal. É aí que tudo desanda. O grande dilema do protagonista agora é decidir quem ele será. Ele já sabe o tipo de herói que precisa se tornar, mas chegou a hora de entender o tipo de pessoa, ou se está disposto a manter suas personas distintas: o justiceiro a noite, o jovem ex-playboy tentando recuperar sua empresa de dia ou alguém que talvez tenha a chance de recomeçar do zero ao lado da mulher que ama. Qualquer uma dessas decisões requerem sacrifícios ou será que é possível coexistir com duas ou três vidas diferentes?
Para acrescentar um desafio na tentativa de recuperação das Consolidações Queen, entra em cena Ray Palmer, vivido por Brandon Routh em uma segunda chance com um herói da DC. E parece que desta vez o ator acertou o tom. Ao contrário do Superman contido do filme de Bryan Singer, o alter-ego do futuro Eléktron é tão divertido e carismático quanto Felicity, o que provavelmente colocará o personagem como outro tipo de desafio para Oliver, além do profissional.
Como dito acima, o episódio tem seus altos e baixos, com o vilão meio deslocado, mesmo que o momento peça por algo comum para dar atenção aos conflitos dos personagens. Mas no geral a estreia não desaponta, deixando uma grande surpresa para a última cena, digna de fazer o queixo do espectador ir para o chão. Se a promessa é um futuro de sombras, tudo começa a mudar a partir do momento em questão, em um acontecimento que não afetará apenas Oliver. E é uma decisão tão corajosa que só mesmo uma equipe extremamente segura conseguiria criar. Há uma jornada bem definida para os heróis e os roteiristas não têm a menor intenção de segurar a ação.
Amei esta season premiere. Realmente incrível como conseguem se superar
Gostei bastante do episódio, mas a Sarah voltando sem motivo nenhum, considerando a importância que esta volta vai ter para a trama, achei muito forçado. Não desceu não…
Abraços
Também estranhei ela aparecer do nada, mas acredito que no próximo episódio devam explicar melhor os motivos dela ter retornado. Como a série está com uma narrativa contínua ao invés de trama fechada, episódio por episódio, as coisas serão reveladas aos poucos.
Não acho que ela voltou "do nada", afinal, ela fala pra irmã que não queria que o pai soubesse que estava na cidade por conta do que ela tinha ido fazer. Além do mais, ao que me parece o responsável por esse desfecho foi o Malcolm Merlyn, o que pode indicar um confronto dele com a Liga a partir de agora.
Certamente essa cena vai nortear o primeiro arco da temporada, visto que teremos Nyssa no quarto episódio.
Excelente review…