Subspecies 2: A Maldição Continua é uma produção barata e bem inventiva do cinema B americano. O filme lançado em 1993 é o segundo capitulo da saga de vampiros envolvendo a saga do morto vivo secular Radu, além do fato dessa saga ser um dos pilares do seu estúdio, a Full Moon, que se dedicava a fazer longas direto para o mercado de vídeo.
Seu início se dá imediatamente a partir do ponto que Subspecies: A Geração Vamp terminou, mostrando o malvado vampiro Radu retornando à vida com ajuda de suas criaturas, matando também pessoas de sua família, como seu irmão Stefan, que havia sobrevivido a duras penas após a derrota do vilão.
Esse longa-metragem também é dirigido por Ted Nicolau, o mesmo cineasta do primeiro e tem como diferencial dramático a importância dada a Michelle Morgan, a noiva prometida de Stefan, que foi vampirazada e roubada seu irmão malvado. Ela fugiu com a relíquia Bloodstone, uma joia que pinga sangue e é a grande fonte de alimento dos vampiros.
Radu é interpretado mais uma vez pelo ator groenlandês Anders Hove, já a atriz que faz Michelle mudou, saindo Laura Mae Tae para entrar a bela e voluptuosa Denice Duff.
A introdução é curiosa por exibir duas cartelas de nomes, uma com o original Bloodstone e outra com Subspecies 2, além de ter uma grande introdução com os créditos iniciais, diferente do primeiro filme, que começava em meio a ação.
Outro diferencial é que esse é narrado por Michelle, a mocinha sobrevivente do primeiro filme, que conta seu amor com Stefan, a rivalidade com o irmão dele, que havia sido decapitado, mas que retornou dos mortos, além de falar da nova sina do personagem, como uma vampira traumatizada, graças a morte de suas amigas, também vampirizadas.
Nas primeiras cenas, os monstrinhos de stop motion ajudam a reunir a cabeça do vampiro ao seu corpo. Do pescoço cortado saem entranhas, muito bem feitas, um body horror muito digno, com efeitos especiais de maquiagem assinados por Michael Deak e Wayne Toth, que sabe injetar gore em suas produções e trabalhos.
Depois de voltar, Radu tenta matar sua algoz, mas é impedido pelo nascer do sol. Ele ressuscitou, mas a ele resta uma subvida, com todas as restrições típicas de um vampiro, fato que não ocorria no anterior, já que ele andava no sol. Aqui ele tem mais fraquezas, mais fragilidades.
Ted Nicolau além de dirigir escreve este e não tem qualquer pudor em explorar a beleza curvilínea de Duff. Ela aparece com vestes reveladoras, com um baita decote, esplendorosa, linda e alva.
Ao descobrir o sumiço do artefato sagrado, Radu faz um escândalo, chegando ao cúmulo de agarrar um esqueleto, possivelmente do seu irmão morto, embora ele não tivesse perecido no primeiro, visto que só foi dado como morto nesse segundo volume.
A maquiagem do vampiro está ótima, sua aparência mudou, tem agora um aspecto mais pálido e de se mais sofrimento, fato que o torna mais assustador que no filme de 1991. O trabalho de maquiagem de Daniela Busoiu é primoroso, especialmente com o personagem central, e ajuda a fomentar a mitologia da saga.
Michelle vai de trem até um centro de transporte, pede uma ligação internacional. Pede para Rebecca Morgan ou Becky (Melanie Shatner), sua irmã vir até Bucareste, capital da Romênia, no Hotel Buscaret.
Na busca de Radu por mais força, ele encontra uma criatura putrefata, velha, que varia entre pessoa fantasiada e animatrônico - trabalho soberbo de Scott Woodward, que faz os efeitos mecânicos.
Para a surpresa geral, aquela é a mãe do vampiro e tudo o que está ao redor dela compõe um belo quadro, com materiais químicos de alquimia, com um sangue escurecido saído da boca da mulher, com um aspecto de decomposição de suas feições. O cenário colabora para a criação de uma atmosfera de terror e medo.
O tom de humor misturado ao terror segue vivo - como foi no primeiro - com Michelle sendo dada como morta quando é encontrada pelas camareiras, depois assustando a todos, ao acordar viva e com todas as funções vitais comuns.
É esperado isso, afinal ela acabou de se tornar uma morta-viva, sem falar que ela desperta do nada, no camburão da funerária, causa um acidente no meio de uma via e sai andando como se nada tivesse ocorrido.
Becky chega a Romênia e fica perdida, sem rumo. Vai até o hotel e aguarda receber a notícia fatídica e enquanto isso, a polícia local a intercepta, e pergunta o que é o artefato que estava com sua irmã, a Bloodstone. É dito que Michelle simplesmente fugiu. Eles avisam que ela foi dada como morta, mas afirmam que foi erro de diagnóstico, ou seja, não basta eles serem atrapalhados, tem que deixar isso claro para estrangeiros também.
Como essa é uma produção de baixo orçamento, um filme B sem vergonha, obviamente que é necessário estabelecer um novo casal, e dessa vez isso fica a cargo de Becky e do personagem de Kevin Spirtas, que faz um funcionário da embaixada americana, chamado Mel.
Além dessa relação mega forçada, há outros momentos estranhos, como o envolvimento do inspetor Marín, de Ion Raiduc, que diz ter aprendido a falar inglês vendo Columbos e Big Bird.
Becky aparenta que será apenas mais uma vítima de Radu, mas seu arco dramático se diferencia. É dada importância a ela, que obviamente, precisa apelar para uma nudez gratuita, afinal esse tipo de produção mirava também a exploração sexual das mulheres, e da maneira mais esdrúxula possível. Era uma moda.
Nicolai Popescu, o diretor do museu romeno interpretado por Michael Denish leva Becky e Brad a casa do pai vampiro, onde se deparam com Radu, que finge ser alguém normal.
O personagem surge na trama sem cerimônias. Ele faz as vezes de Karl, do primeiro filme, mas é uma figura muito mais simpática e afável, mas ao menos o outro personagem tinha razão para acompanhar os heróis na jornada, e aqui, não há motivo além da grande curiosidade por verificar que as lendas são reais.
Várias boas sequências, do vampiro isolado numa janela alta do castelo, depois se transportando via sombra pelo lado externo do castelo, tal qual o Drácula que Gary Oldman fez em Drácula de Bram Stoker, de 1992. Vale lembrar que ele já fazia isso no primeiro filme.
Becky encontra a irmã, que foge dela, com receio de assusta-la, já que se transforma em um monstro. Quando ela segura a Bloodstone, o artefato fica vermelho e se enche de uma cor estranha. Chega até a brilhar, age com vontade própria, como se fosse vivo e como se tivesse escolhido ela.
Radu captura a pedra, e pretender dar ela como oferenda a sua mãe. A cena após a entrega dele a parente é poderosa envolve uma troca de enfoque entre os dois, quando um fala a imagem do outro embaça, mas a mãe está em primeiro plano, mostrando sua superioridade hierárquica, ao menos naquele momento.
Obviamente que Mel se apaixona por Becky, mas ele é incrédulo, não crê em vampiros, e não a ajuda em seu intento, em nome da embaixada ele não pode se envolver em tramas místicas ou macabras...aparentemente isso é contra as regras.
Há momentos ruins, como o efeito especial da mãe de Radu rodando em chamas, após Michelle ter um lapso de humanidade. O efeito é tosco, e piora ao chegar no ponto em que a heroína ataca ela e seu filho, impedindo que eles desfrutem do sangue de Becky. No entanto, a maior parte dos efeitos, sobretudo os práticos, são bem encaixados.
Subspecies 2 termina melancólico e pessimista, com a mãe ainda viva, puxando os cabelos de Michelle. É bem mais violento e sangrento que o primeiro, com as irmãs Morgan retribuindo o infortúnio que o vampiro deu a elas, e termina sem a união entre as mocinhas, por conta de uma ser uma criatura das trevas e outra da luz, e obviamente elas voltariam para mais desventuras em formato de longa-metragem.
Comente pelo Facebook
Comentários
Comente pelo Facebook
Comentários