Especial | Sexta-Feira 13

A arte se reinventa e instala formulas o tempo todo e com o cinema não é diferente. A sétima das artes se retroalimenta o tempo inteiro, recicla clichês, especialmente quando atinge o secto dos filmes de horror.

Quando um estúdio lança uma obra de sucesso, rapidamente outro faz algo semelhante. Dessa forma é impossível falar da gênese de Sexta-Feira 13 sem comparar como Halloween: A Noite do Terror.

Depois do sucesso do longa dirigido por John Carpenter em 1978, muitas pessoas fizeram cópias, exagerando os elementos presentes nele - como a sanguinolência - adicionando outros temperos juntos, de forma que se torna uma inspiração ou cópia em algo único.

Foi o caso por exemplo de Armadilha Para Turistas, de 1979, que conta com o mesmo produtor executivo de Halloween, o senhor Irwin Yablans. Não foram só as pessoas envolvidas em Halloween que tentaram embarcar nessa, houve um certo produtor de filmes adultos que também tentou surfar a onda.

Apesar de ir em uma direção contrária Sean S. Cunningham fez em Sexta-Feira 13 não foi muito diferente. Ele queria fazer algo barato, com personagens com pouca ou nenhuma roupa, além de aumentar obviamente a quantidade de sangue. Além de pegar elementos de Halloween, também se inspirou nos filmes Gialli, no horror italiano fora desse estilo, especialmente em Banho de Sangue/Mansão da Morte de Mario Bava, além de Noite do Terror, o filme canadense temático de natal.

Cunningham vinha de mais trabalhos como produtor, mas também dirigiu coisas, como no documentário The Art of Marriage, que era apresentado por um doutor que falava de posições sexuais. Por mais bizarro e obscuro que pareça, esse documental ficou em cartaz na Times Squaree por 26 ou 27 semanas, segundo o próprio.

Depois de ter produzido o rape and revenge Aniversário Macabro, de Wes Craven, ele pensou em um cartaz bonito, com o logo Friday 13TH quebrando o vidro, e tentou só com isso vender o projeto. Nessa época, ele procurou Yablans, para ajudar a financiar a obra que a essa altura, era tão embrionária que ainda não era uma cópia de Halloween, mas Irwin recusou.

O cartaz ao menos serviu para conseguir verba junto a Phil Scuderi financiador de Boston, que deu a ele 25% do orçamento pretendido. Ele foi o mesmo sujeito que ajudou o diretor a fazer sua comédia esportiva Here Come the Tigers, um filme com elenco majoritariamente infantil, que baseava sua graça no baseball. Desse mesmo filme, Sean chamaria o roteirista Victor Miller, para escrever Sexta-Feira 13, mesmo ele não tendo experiência com filmes de horror.

Sem saber Cunningham acabaria gerando um grave problema, já que Miller e ele próprio brigam pela autoria da marca Sexta-Feira 13, gerando muita celeuma sobre direitos autorais e um consequente impedimento de lançar obras para o cinema - a última, foi em 2009.

Uma figura importante para o filme de 1980 e para a franquia como um todo é Tom Savini, que lidou a equipe de efeitos de maquiagem do primeiro. Na época haviam poucas pessoas consigo, se destacando especialmente Taso N. Stavrakis, assistente de SFX que acompanha o mago dos efeitos em várias obras, inclusive em O Despertar dos Mortos.

Os dois queriam diferenciar esse trabalho do que foi feito no filme de George A. Romero, que escolheu uma cor para sangue estilizada, mais clara. Aqui o sangue é mais viscoso, com mais textura, feito com xarope de milho, pitadas de corante e kodak photo-flo.

Taso e Savini improvisaram vários efeitos, especialmente um mecanismo de esguichar sangue, para a morte da caroneira. Fizeram isso em tempo recorde e utilizaram o máximo que deu.

Savini também improvisou uma maquiagem em Bill Bailley, ator que esteve em Many Orphans de Sean Cunningham. Depois de maquiar o rapaz, ele se tornou o Jason primordial, episódio esse que o faz explorar essa imagem até hoje.

Curiosamente isso abriria possibilidades para fazer mais continuações, mesmo depois da queda do assassino original, a despeito inclusive da vontade de Savini, que não apareceu na parte dois.

Sexta-Feira 13 foi evoluindo com o tempo, sempre embalada pela música característica de Harry Manfredini. Jason evoluiria de uma simples aparição para um ícone popular no cinema, ganharia estilo e figurinos próprios, morreria, voltaria, morreria de novo, ressuscitaria.

Abaixo os filmes e obras assessórias listadas.

Filmes

1980- Sexta-Feira 13
1981- Sexta-Feira 13, Parte 2
1982- Sexta-Feira 13, Parte 3
1984- Sexta-Feira 13: Capítulo Final
1985- Sexta-Feira 13, Parte 5: Um Novo Começo
1986- Sexta-Feira 13, Parte 6: Jason Vive
2001- Jason X
2003- Freddy vs Jason

Artigos:

Quem era Elias Voorhees

Inspirações

1960-Psicose
1974-A Noite do Terror/Black Christmas
1978- Halloween

Imitações ou obras inspiradas em Sexta-Feira 13

1981- Madman
1981- Chamas da Morte
1982- Psicose 2
1983- Acampamento Sinistro
2022- They/Them
2022- X: A Marca da Morte

Assessórios

1972- Aniversário Macabro
1982- Slumber Party Massacre
1984- A Hora do Pesadelo
1986- Noite das Brincadeiras Mortais
1987- Slumber Party Massacre 2
1988- Em Pânico
1996- Pânico
2001- O Dia do Terror

Outros Especiais

Franquia Halloween
Franquia Pânico

Futuramente falaremos:

1971- Banhou de Sangue/Mansão da Morte, de Mario Bava
1976- Pânico ao Anoitecer
1982- Alguém Espia nas Trevas
1985- Casa do Espanto
1988- Sexta-Feira 13: A Matança Continua
1989- Abismo do Terror
1993- Jason Vai Para o Inferno: A Última Sexta-Feira 13
2009-Sexta-Feira 13 (remake)
2014- Assassino Invisível
2017- Never Hike Alone

 

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