O texto a seguir contém pequenos spoilers
Conforme se aproxima de seu final de temporada, Arrow começa a atar pontas soltas, fechar subtramas e dar indícios de sérias mudanças para o futuro. Seeing Red surge como uma grata surpresa, não por sua qualidade, já que a série teve uma melhora significativa do primeiro para o segundo ano, mas por decisões corajosas de narrativa. Este vigésimo episódio praticamente funciona como encerramento de um ato, indicando que as próximas três semanas formarão um “season finale” gigante de 3 horas.
O foco é em Roy Harper, que sai do estado inconsciente que se encontrava, para despertar totalmente fora de controle, atacando quem estiver em seu caminho. Com direito a alucinações semelhantes às de Slade com Shado, graças à influência da droga Mirakuru, o rapaz se encontra em seu momento mais problemático, algo já esperado por quem acompanha o seriado. Roy sempre se mostrou vivendo no limite, como se a qualquer momento pudesse explodir em fúria e é o que acontece. É uma boa forma de amarrar essa subtrama do personagem com a plot central da temporada, algo que de início não fica tão claro, mas chega ao ápice nos minutos finais do episódio. Em meio a isso, Sara precisa se decidir quanto a sua atitude impulsiva (criando até um paralelo com o próprio Harper), já que parece inclinada a matar novamente. O roteiro de Wendy Mericle e Beth Schwartz consegue acrescentar esse dilema da Canário sem soar forçado ou deslocado.
A grande surpresa, no entanto, é o tempo que Seeing Red destina a outra subtrama, uma que dava sinais de incompatibilidade com tudo que a série pretende contar ainda este ano: a candidatura de Moira à prefeitura de Starling. Não só isso, o roteiro foca de forma muito eficiente o relacionamento de mãe e filho da Sra. Queen com Oliver, tendo inclusive os flashbacks destinados a tal fim. Nas cenas do passado, inclusive, um pequeno sinal do que o futuro pode reservar para Arrow. Há indícios de uma referência que os fãs do Arqueiro Verde devem reconhecer logo de cara: Oliver não traiu Laurel apenas com Sara. Houve outra. E, se a audiência permitir mais temporadas, o justiceiro de arco e flecha pode acabar treinando um parceiro mirim. Dizer mais que isso é desnecessário neste ponto*. Vale ressaltar que Susanna Thompson novamente justifica sua escalação como Moira, já que vive a personagem em dois momentos distintos e ainda mantém um ótimo diálogo com o filho na linha do tempo presente.
Trazendo de volta alguns coadjuvantes que ficaram soltos ao longo da temporada, como Sin e Mark Francis, o coordenador de campanha interpretado por Nicholas Lea, o episódio parece mesmo disposto a dar algum encerramento a eles, mostrando novamente o mínimo de respeito pelo telespectador. Não dá pra sumir totalmente com personagens simplesmente porque não funcionaram da forma pretendida, algo causado pelo inchaço de histórias sendo contadas ao mesmo tempo. Isso não ocorreu na primeira temporada e, tomara, sirva como exemplo do que não fazer na terceira. Os próprios produtores, por exemplo, já confessaram que não sabiam exatamente que caminho tomar com Isabel Rochev e, desde o episódio 18, conseguiram definir muito bem as intenções da vilã. Ao menos existe a preocupação em não deixar nada solto demais. Ainda resta saber o que vai acontecer com Amanda Waller e o Esquadrão Suicida, que não tiveram função importante até aqui, mas podem dar as caras tanto no futuro quanto na série-irmã, The Flash.
O que importa em Seeing Red é que os roteiristas, mesmo tropeçando em detalhes como os citados no parágrafo anterior, são verdadeiramente ousados. Assim, com tanta coisa acontecendo, tudo parece ter o tempo certo e funcionar como uma preparação para o os momentos finais, uma virada que muda basicamente toda a dinâmica que o seriado terá no futuro (além de colocar Slade Wilson no mural de vilões marcantes), e que promete um grande avanço para a vida de Oliver Queen, aproximando-o ainda mais de sua contraparte nos quadrinhos. É material digno de final de temporada, mas acontece três semanas antes do derradeiro desfecho, o que deixa o espectador curioso para o que mais pode estar reservado até lá.
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*Se ficou curioso demais pela referência e não conhece muito as HQs do Arqueiro, procure por Connor Hawke no Google.
Ótima Review, novamente.
Não conheço a história das HQs e até então não via a real importância de Moira Queen no contexto geral desta segunda temporada.
Mas vale ressaltar deste episódio a forma como somos cativados pela personagem no decorrer do episódio, em uma ótima interpretação por sinal, a ponto de desejar que os últimos minutos do episódio não tivessem acontecido. E como ela é boa em guardar segredos não é mesmo?
Thea certamente irá soltar um pouco as rédeas com o Oliver daqui pra frente e a julgar o fato de que Slade já teve duas oportunidades de fazer mal a ela e deixou passar, acredito que não iremos contar com a bela Willa Holland até o desfecho desta temporada.
Não entendi uma coisa, qual o motivo de Oliver ter seu joelho ferido de tal forma. Seria mais um aditivo para passar a visão de um Oliver acabado, machucado física e psicologicamente, com o time arqueiro sendo desmantelado e tudo mais, para no fim dar a famosa 'volta por cima'?
Espero que isso não seja forçado demais.
Um abraço.
Olá, Heber, valeu pelo comentário! Quanto a questão do joelho do Oliver, penso ser algo a mais pra mostrar que ele não vai mesmo derrotar o Deathstroke sozinho, ou quem sabe, uma desculpa pra que ele pense em usar o Mirakuru em si mesmo, principalmente agora que a série já estabeleceu que há formas de reverter os efeitos da droga.
ola, também não entendi o grande foco a perna machucada de Oliver.
Será que a Canário sai de vez? Ou volta com o filho de 7 anos de Oliver?
Aliás pra que este plot agora?
Gostei muito da cena final, não sei se acontece nas HQs, mas me surpreendeu muito.
Acho que Oliver tem que contar logo tudo pra irmã, pra ela tomar rumo na história.
Ela tá muito chata com este lance de ninguém -me-conta -a – verdade…
Olá, Carla! Então, essa menção ao filho do Oliver acho que são os produtores plantando coisas pras futuras temporadas, nada pra agora. Quanto a Canário, com certeza ela volta, seria muita sacanagem dela: "Tchau, Oliver, se vira aí com o supersoldado que quer matar a vc e toda sua família" rsrs. Como ela disse que iria visitar alguém, aposto que é a Nyssa Al Ghul, porque o Arqueiro vai precisar de toda ajuda possível pra derrotar o Slade. Quanto a Thea, acho que agora que ela afasta de vez o Oliver, porque levando em conta o discurso do Deathstroke, ela vai culpar muito o irmão pelo que acontece no final deste episódio…
Ótima análise como sempre…
O que Arrow está fazendo nessa temporada muitas das séries da TV fechada não estão. Temporada incrível!!!