Review: Arrow S03E20 - The Fallen

The FallenNão é segredo para ninguém que esta terceira temporada de Arrow se tornou uma sequência de decepções para os fãs. Depois do movimentado e dramático segundo ano, o seriado tinha de se superar e não conseguiu, com episódios fracos, tramas bobas, excesso de personagens e uma plot central que demorou quase 18 semanas para se justificar. Por sorte, na reta final, a adaptação televisiva do Arqueiro Verde tem entregado roteiros mais interessantes, mesmo que ainda sem grandes impactos como anteriormente. No entanto, se vale de alguma coisa, The Fallen traz uma merecida redenção ao programa, com momentos que parecem saídos de um season finale e grandes interpretações de boa parte do elenco, a aventura da semana surge como a mais sólida de uma investida, até pouco tempo, falha.

Depois de Thea ser deixada para morrer no final do capítulo anterior, cabe a Oliver tomar uma decisão: levar sua irmã para Nanda Parbat para que ela seja curada pelo Poço de Lázaro, com o custo de aceitar a oferta para se tornar o próximo Ra's Al Ghul. Não é exatamente uma escolha, já que o amor fraternal sempre foi uma das características mais marcantes do protagonista. Fazendo uma viagem que parece sem volta, o alter ego do Arqueiro finalmente parece pronto para abraçar seu destino. Stephen Amell oferece uma de suas melhores interpretações em Arrow, mesmo com todas suas limitações dramáticas. O ator convence não apenas no desespero de ver Thea à beira da morte, mas na calma que exibe quando decide se entregar para a Liga dos Assassinos. A trama também favorece Oliver, ao finalmente fazê-lo confrontar o tema central da temporada, ou seja, sua verdadeira identidade.

Com os acontecimentos no presente carregados de drama, o espaço para a ação fica por conta dos flashbacks, que finalmente encontraram algum propósito nessa conturbada fase. Mais ainda por ligarem as ações de Maseo nos dois períodos de tempo e por servirem de prólogo para uma tragédia já anunciada. Karl Yune, inclusive, divide sua melhor cena na temporada com David Ramsey, quando explica para Diggle o porquê de sua união com a Liga. Ótimos diálogos com um subtexto bem claro de perda de identidade. Arrow conseguiu (enfim) trabalhar muito bem o conceito essa semana ao criar esse paralelo e mostrar que, embora Oliver passe a acreditar que sua verdeira persona seja a do Arqueiro, o tempo que seu amigo japonês tem passado junto a Ra's prova que se "um homem não pode viver com dois nomes" (como repetido várias vezes durante a temporada), é porque ele precisa equilibrar sua vida dupla e não abandoná-la.

A grande vantagem do episódio, no entanto, é a sensação deixada no espectador, de que o herói principal entrou em uma jornada sem escapatória. Fica difícil imaginar onde o seriado quer chegar e que tipo de mudanças as decisões de Queen irão trazer para a dinâmica da adaptação. Ficam várias perguntas no ar: seria tudo um plano mirabolante para acabar com a Liga dos Assassinos internamente? Ou será que caberá aos heróis secundários a tarefa de abrir os olhos do protagonista para as consequências de seus atos? Quem também se beneficia bastante da trama é Matt Nable, que finalmente mostra sua presença ameaçadora, graças a construção de um vilão nada disposto a ser contrariado. Há um belo diálogo de Ra's com Felicity que traz uma bem-vinda dose de drama para o líder da Liga. Sua tragédia pessoal serve tanto como espelho para o que Oliver está passando, como para estabelecer o porquê de sua característica autoritária. Não se espera menos de alguém que teve uma vida toda arrancada das próprias mãos.

Até a subtrama romântica envolvendo a personagem de Emily Bett Rickards não atrapalha tanto, mesmo com a série teimando em jogar a moça de um lado para o outro, como se a vida de Felicity girasse em torno dos homens à sua volta. No entanto, a forma como toma as rédeas da situação redimem um pouco a moça, mostrando suas intenções, mesmo inconsequentes, para salvar seu parceiro. Os erros em seus planos são totalmente justificados pela vontade cega de ajudar Oliver e não devem ser encarados como atitudes incoerentes. Por mais que seja um tanto forçado acreditar que a nerd consiga entrar na sala de Ra's livremente, seu diálogo com o vilão é apresentado de forma convincente e surge importante para gerar ainda mais conflitos na reta final do episódio.

The Fallen

É importante destacar alguns aspectos técnicos também. É sabido que o orçamento limitado não permite grandes cenários ou uma escala cinematográfica de figurantes, mas a produção conseguiu se superar e traz figurinos marcantes, sets muito bem construídos e detalhados e uma quantidade absurda de membros da Liga na chegada dos protagonistas à Nanda Parbat. A fotografia granulada, milimetricamente iluminada para oferecer um certo grau de naturalidade na ausência de luz, traz ainda mais textura para o momento sombrio do personagem central. Ao mesmo tempo, em uma das cenas finais, o uso bem empregado da iluminação prevê mudanças na personalidade de Malcolm Merlyn (algo também evidenciado pela mudança de figurino).

Fiel à mitologia dos quadrinhos, mostrando o Poço de Lázaro e seus efeitos com muita eficiência, The Fallen é, facilmente, a melhor entrada deste terceiro ano por finalmente convencer o espectador que existe um plano traçado em meio a tantos problemas encontrados nas semanas anteriores. É a partir desse ponto que a série tem a chance de dar ao fã tudo aquilo que havia prometido desde o início, com tramas envolventes e personagens bem construídos. Há um mês seria impossível prever que Arrow pudesse se encontrar e melhorar tanto. Agora, faltando pouco para o season finale, é impossível saber se a qualidade alcançada será mantida, mas, com certeza, se tornou mais fácil acreditar.

 

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Alexandre Luiz

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4 comments

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    Rodrigo Mendonça 24 abril, 2015 at 04:03 Responder

    Parabéns pela bela análise do Episódio Alexandre!!! Ouço o podcast tem bastante tempo, mas poucas vezes entrei no site e nunca tinha deixado nenhum comentário. Sou que tinha feito uma review do episódio pelo Twitter e lendo essa bela review, me senti no direito de parabenizá-lo pelo texto. Sobre a série, também não tenho a mínima ideia de qual rumo a série tomará. Fico na torcida para que seja um rumo satisfatório e conivente com tudo que vinha sendo apresentado. Continue com o belo trabalho e abraços !!!!!

  2. Avatar
    Rodrigo Mendonça 24 abril, 2015 at 01:03 Responder

    Parabéns pela bela análise do Episódio Alexandre!!! Ouço o podcast tem bastante tempo, mas poucas vezes entrei no site e nunca tinha deixado nenhum comentário. Sou que tinha feito uma review do episódio pelo Twitter e lendo essa bela review, me senti no direito de parabenizá-lo pelo texto. Sobre a série, também não tenho a mínima ideia de qual rumo a série tomará. Fico na torcida para que seja um rumo satisfatório e conivente com tudo que vinha sendo apresentado. Continue com o belo trabalho e abraços !!!!!

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