O Exorcista: O Devoto é mais um filme da famosa franquia iniciada pelo clássico que o finado William Friedkin lançou em 1973. Essa nova empreitada é obviamente uma obra sobre exorcismo que é audaciosa em sua gênese, já que foi anunciado como o primeiro de uma trilogia.
Também parece uma tentativa pomposa de seguir o clássico graças as temáticas que aborda, a exploração de traumas passados, que acabam flertando com a condição triste da classificação popularmente chamada por fãs de cinema tênis verde como pós-horror.
O longa se chama originalmente The Exorcist: Believer, estreou no último dia 6 de outubro, foi antecipado para não conflitar com a estreia da turnê da cantora Taylor Swift e estreia no Brasil dia 12 de outubro de 2023.
Depois de sair dos cinemas o longa terá transmissão exclusivamente no serviço de streaming da Universal, o Peacock, mas ainda sem previsão de lugar para apreciação no Brasil.
Foi dirigido por David Gordon Green, cineasta conhecido por obras de comédia, como Segurando as Pontas, mas que nos últimos anos ganhou fama por revitalizar em Michael Myers no Halloween de 2018.
Quando foi anunciado que Green dirigiria o novo episódio da saga O Exorcista, as opiniões se dividiram bastante, uma vez que o longa citado foi bastante elogiado, mas sua sequência, Halloween Kills, não foi tão bem recebida. O quadro ainda agravaria, com as críticas negativas em relação a Halloween Ends, no entanto o projeto seguiu, pelo mesmo selo da Blumhouse, com outros estúdios unidos.
Teoricamente, esse só leva em consideração a cronologia do primeiro filme, ignorando todos os outros, tal qual ocorreu com a saga de John Carpenter, onde só Halloween: Uma Noite do Terror fazia parte da cronologia dos eventos.
No entanto até essa pecha parece que pode ter caído, já que o cineasta deu declarações difusas e confusas sobre os filmes dois e três dessa nova empreitada. Nessas declarações ele disse que não conhecia muito a mitologia por trás dos outros filmes, exceção à O Exorcista III, que ele assistiu várias vezes.
Desse modo, Green disse que não sabia dos fatos discutidos nos outros três filmes - O Exorcista II: O Herege, O Exorcista: O Início e Domínio: Prequela do Exorcista - e também não tinha muito definido os rumos dos roteiros dos próximos filmes. Desse modo ele poderia pegar referências sim das outras sequências tão criticadas da saga.
Ainda na fase de pré-produção, o genioso William Friedkin deu declarações fortes sobre essa a continuação, até brincou que se morresse, assombraria o diretor por tentar mexer em seu filme, além de ter usado suas redes sociais para negar qualquer participação no projeto.
Há inclusive quem brinque que esse era um prenúncio do que viria. Fato é que houve uma distância atroz entre a atitude de Carpenter com Halloween e de Friedkin com esse, o que era até esperado, já que Carpenter teve mais proximidade de algumas das sequências envolvendo a trama de Michael Myers, já Bill não fez o mesmo com as histórias de Pazuzu, Regan, Chris e cia.
Outro fato dado é que a Blumhouse pagou uma quantia absurda pelos direitos da franquia, na casa dos três dígitos de milhões de dólares. Esse aporte gera algumas dúvidas sobre os rumos da saga e sobre as suas continuações obrigatórias.
Esse primeiro filme é produzido por gente graúda, tem Jason Blum, David Robinson e James G. Robinson como produtores, já os próximos seriam programados, a princípio, para os streamings, obviamente vinculado ao Peacock, que exibe conteúdo da Universal e da NBC.
Como o valor de licenciamento é alto, faz pouco sentido que essas obras não cheguem aos cinemas, mesmo que esse O Devoto vá mal de bilheteria.
Os estúdios que propiciaram essa versão foram a Morgan Creek, que havia produzido os últimos filmes de O Exorcista, as já citadas Blumhouse e a Universal Pictures, que também distribui o longa, associados a Rough House Pictures.
A equipe criativa começa nos argumentistas, Scott Teems de Halloween Kills, Chamas da Vingança e Sobrenatural 5: A Porta Vermelha, o comediante Danny McBride que o ajudou a escrever a trilogia que Green fez, além do próprio diretor.
O roteiro é de Gordon Green com Peter Sattler, um graphic designer (Star Trek e Uma Noite Mais Que Louca), que escreveu e dirigiu o surpreendente Marcados Pela Guerra, que conta com uma atuação elogiada de Kristen Stewart. O longa tem os produtores executivos Stephanie Allain, David Gordon Green, Danny McBride, Couper Samuelson, Christopher H. Warner e Atilla Salih Yücer.
Não há na trama grandes viradas, exceto na cena pré-créditos finais. Ainda assim avisamos que haverá spoilers a partir daqui.
A história foca no fotógrafo Victor Fielding, personagem de Leslie Odom Jr. (Hamilton e O Assassinato no Expresso do Oriente), que está em viagem, passeando por Porto Príncipe no Haiti junto ao seu par, Sorenne (Tracey Graves), que está grávida da primeira filha do casal.
O início é bem detalhado, mostra ele como um sujeito tímido, mas feliz por estar naquele cenário. Seus dias passam por tentar registrar como é o cotidiano das pessoas comuns do país.
Já Sorenne fica preocupada, se atenta para o misticismo local e ouve atenta as falas de cada uma das pessoas que moram ali. O povo é solícito com ela, desejam boa vida para o bebê.
As boas vibrações e o abraço do povo não resultam em segurança, já que ela sofre com o terremoto no centro da cidade onde eles estão. A tragédia fere gravemente a moça. Do lado externo há uma cena grandiosa do desastre. Termina então com o pai tendo que decidir a salvação de apenas uma das pessoas mais importantes de sua vida, pois só sobreviveria ou a esposa ou a filha.
A próxima cena já mostra os Fielding em casa, em na cidade de Percy, na Geórgia, 13 anos depois desse preambulo.
Angela e seu pai são bastante próximos, e o personagem de Odom está ainda mais quieto e reservado. Seu estado de melancolia se agravou, piorou, ele virou um homem isolado e demasiadamente obsessivo com a proteção a sua criança.
A Angela adolescente é feita pela atriz etíope Lidya Jwett de Good Girls, é uma menina comum, que tenta driblar as dificuldades de ter um parente que não permite que ela haja sozinha.
A menina cresce se tornando carente de sua figura materna. É mostrada como saudosa da mãe, a enxerga quase como um ídolo. Ao herdar a devoção que seu pai tem por Sorenne ela acaba desenvolvendo uma forma de culto a parente, e a sua maneira, tenta arrumar meios de se conectar com ela.
A casa de Angela e seu pai é cheia de portas, com tantas entradas diferentes que ambos brincam de se esconder, pregando peças um no outro sempre que podem, como em um pique esconde, mas em uma versão com bastante sustos.
Era até esperado que isso fosse usado nas partes onde o terror fica mais agudos, como parte dos jumpscares, no entanto há pouco apelo nesse quesito, o que é uma pena, um potencial desperdiçado.
Como esse é um roteiro que opta sempre pelo caminho mais óbvio, a exploração do espectro espiritual é justamente a idealização da maternidade de Angela, que deseja encontrar com a mãe de alguma forma, para enfim conhecer a pessoa que lhe foi tirada antes mesmo de nascer.
Green não consegue em momento nenhum disfarçar os rumos que tomará, quase telegrafa como os fatos ocorrerão assim que apresenta seus personagens.
Angela tem como melhor amiga Katherine, que é interpretada por Olivia O'Neill, mas ao contrário do que ocorreu com Jewett, não se vê uma boa interpretação por parte dela, ao menos não nas partes onde ela é possuída.
A família de Katherine é bem diferente dos Fielding. É formada por gente religiosa. São todos frequentadores de uma congregação evangélica e ela é uma de vários irmãos, além de ser uma líder dos jovens da igreja.
Apesar de muito diferentes, elas são bastante amigas e gastam o tempo livre juntas, tanto que decidem fazer um ritual, fingindo em uma tarde que vão estudar, para tentar o contato com a mãe morta de Angela. Até nos materiais de divulgação se dava que elas ficaram três dias perdidas, e voltariam misteriosamente.
Ao menos a ideia inicial parecia boa, funcionaria em uma premissa séria, que é o alvo do longa, mas para chegar a isso, faltou estofo.
As duas são encontradas em uma fazenda e os momentos entre o sumiço e a aparição delas é bastante tensa. Odom atua muito em, parece mesmo alguém desesperado, prestes a perder a única pessoa importante em sua vida inteira.
Ele corre até o hospital onde sua filha está, quase causando vários acidentes de transito no caminho. A tensão é bem estabelecida, não há como negar. Enquanto ele passa por isso suas memórias voltam, remetem ao momento em que ficou viúvo, já que ele ouve várias vezes a fala de sua Sorenne, que pedia para ele salvar Angela.
Há uma construção boa dos laços emotivos, inclusive com bons embates de stress e nervosismo entre ele e os pais de Katharine, Tony, interpretado por Norbert Leo Butz) e Miranda, de Jennifer Nettles.
Enquanto elas estão sumidas há uma sucessão de pistas falsas, como o acréscimo de uma comunidade de transição, que vive em cabanas na floresta onde as duas sumiram, mas que não tinham qualquer relação com o desaparecimento delas.
Havia quem levantasse a possibilidade de elas serem parte da seita que possivelmente invocou Pazuzu para dentro de Regan em Washington, grupo esse introduzido no livro de William Peter Blatty e aludido na primeira temporada de O Exorcista, mas não há nada com eles, ao contrário.
Eles só servem para demonstrar que Tony tenta parecer alguém legal, mas que escondia seu caráter preconceituoso e seu pensamento classista, já que chama esses sem-teto de vagabundos.
Em uma parte específica da trama, haveria um momento em que o caráter dele seria provado, perto do final e esse era o indício número um de sua índole.
Há uma breve - e bem-vinda - cena de bateria de exames com as duas. É dado que elas não tiveram qualquer sinal de moléstia sexual, tampouco foram drogadas ou embebidas, mas ainda assim toda a sequência é tensa e bastante invasiva, tal qual ocorreu com a Regan de Linda Blair no primeiro.
A preocupação comum de pais de meninas mira a possibilidade de ser abusadas e isso não aconteceu, supostamente. Elas aparentam normalidade, exceto por uma atitude levemente assustada, mas logo o quadro muda, com Angela parecendo paranoica - onde a atriz interpreta bem - enquanto Katharine age de maneira bruta, quase selvagem, inclusive com uma maquiagem forte, que demonstra de primeira que há algo errado com ela.
As duas são levadas a um hospital, depois de terem atitudes agressivas, que vão aumentando de grau com o passar do tempo. Como dito antes, O'Neill parece caricata, e parece mais boba a medida que age como uma possuída.
Vale lembrar que foi dito que Linda Blair esteve no set, para servir de conselheira para as atrizes, quando tinham que atuar como pessoas tomadas pelo Demônio. Nem isso garantiu uma boa participação da jovem atriz.
As duas tem uma mania específica, de ficar se roçando nas portas e janelas de vidro. Brincam de se demonstrar como cativas, mesmo quando não estão. A ideia pode ter um peso de simbolismo, representando que as meninas são prisioneiras em seu próprio corpo, em algum lugar de suas mentes, no entanto a falta de sutileza tira qualquer peso e profundidade dessa simbologia.
Miranda vê semelhanças da atitude das moças com o fato de Cristo ter ido ao inferno e voltado vivo, em três dias. Aos poucos ela e Ann (Ann Dowd), a vizinha de Victor, vão tentando tornar o personagem em algum crédulo, em um believer, em atenção ao nome original do filme.
Entre as manifestações há alguns que são bem engraçados, especialmente com Angela. Ela faz muitas caretas, também suja a água da banheira de uma forma que parece petróleo. Aparentemente, Gordon Green se inspirou em momentos de Uma Noite Alucinante para compor essas cenas, tanto que lembra até o recente A Morte do Demônio: A Ascensão.
É uma dessas demonstrações que ajuda a mover a trama.
Primeiro ela brinca de fingir uma cena de aborto, fazendo sangrar o lençol que está por cima de suas partes íntimas, justamente quando está perto de Ann.
Isso desperta um gatilho na senhora, já que ela teve que fazer um aborto quando era moça, sendo assim motivada a conversar com Victor, para tentar fazer ele crer na possibilidade de procurar um exorcismo.
Angela também faz a famosa frase HELP ME em sua barriga, da mesma forma que Regan fez, e é uma foto desse momento que convence Chris MacNeil a acompanhar o grupo de aventureiros.
Entre as zombarias do espírito maligno que possui as duas meninas há o desejo de brincar com as expectativas das pessoas, sobretudo do até então incrédulo Victor.
Quando ele enfim decide ir atrás da especialista que Ellen Burstyn interpreta o quadro já está mais do que dado como o de uma tragédia cômica.
É curioso como uma atriz tão tarimbada e premiada decidiu enfim fazer parte de uma sequência do clássico, ainda mais uma tão esculachada quanto essa.
Ela havia recusado vários convites para retornar, inclusive em O Exorcista 2 de 1977, e aceitou esse depois de receber uma oferta de cachê de valor astronômico, dinheiro esse que ela para financiar bolsas de estudos da Master of Fine Arts, a popular MFA para atores na Pace University.
Ela enfim aparece, com quase uma hora decorrida de filmes e todas as suas linhas de diálogo são muito expositivas.
Burstyn não está mal, só é mal escrita. Em poucos segundos de tela é dado que ela escreveu um livro, que foi um grande sucesso e ela e sua filha se afastaram. Curiosamente, esse foi um plot explorado também na primeira temporada de O Exorcista de Jeremy Slater, mas na série essa questão tem muito mais peso dramático.
Ela decide, do alto de seus quase noventa anos, acompanhar Victor, inclusive na tentativa de conversar com Katharine, que, ao contrário de sua amiga, não está internada. Como ela está sendo cuidada por seus pais, a nova dupla de heróis acha que é boa ideia visitar ela, mesmo que Chris afirme que o melhor era ter internado a garota possessa.
A sequência na casa é escandalosa e ridícula ao extremo, acaba então sendo bastante engraçada, especialmente para o espectador que não leve nenhuma obra de horror a sério.
A cereja no bolo é o destino de MacNeil, que sofre uma violência extrema, com um gore desnecessário e desrespeitoso, se igualando assim a versão nova de Sally Hardesty no último Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatheface. A cena onde ela é atacada é o ápice da demonstração do quanto o CGI do filme inteiro é horrível.
Detratores e defensores dessa nova visão da franquia certamente tem unanimidade nesse assunto, pois é praticamente impossível não achar uma vergonha como a cena é conduzida e como o digital piora a apreciação do filme.
Depois que a personagem vai para o hospital, ela convence Victor de que não teve culpa no episódio. Para honrar sua nova amiga, o protagonista reúne uma ex-freira, um pastor evangélico, uma sacerdotisa de origem africana sem nacionalidade estabelecida, um padre e duas famílias.
Tudo isso para praticar um exorcismo, mas sem um exorcista experimentado.
É uma Liga Extraordinária Ecumênica e que ainda assim, dá errado, obviamente. Nessa parte é difícil de entender qual era o plano caso Chris não tivesse sido ferida.
O tempo inteiro a personagem salienta que não testemunhou o processo de expulsão de Pazuzu de Regan, assim como diz que não é uma exorcista. É necessário em um ritual católico que haja um psicólogo, mas não há dentro dessa força-tarefa nenhuma pessoa que ocupe essa vaga.
Até por esse motivo o padre Maddox (EJ Bonilla) não é autorizado pelas autoridades católicas locais a tentar expulsar o demônio das meninas.
Também foi bastante alardeado na época do anúncio, que o ser que possui Katharine e Angela era Pazuzu. Em alguns pontos do filme, é dito que ele conhece a mãe de Regan, mas fora essa conexão, não há qualquer necessidade de ser esse o ser que domina as meninas. Não faz nenhuma diferença na história, sequer há menção da origem mítica do espírito, não há nada que remeta a localidade continental dele, nem se fala que o espírito era senhor dos ventos.
Chris está lá como perfumaria, é apenas um enfeite dramático, uma figura de respeito, que demarca nos fãs do gênero uma boa memória, mas que não possui efeito prático nenhum na dramaturgia. Pazuzu funciona da mesma forma.
Há alguns momentos trágicos, como um assassinato estranho, que ocorre diante dos olhos do público e dos personagens. Friedkin tomou todo o cuidado para esconder a morte do personagem Burke, que teve o pescoço virado no clássico filme.
Já Gordon Green, não. Ele faz com que Maddox tenha a cabeça girada ao vivo, diante das câmeras e com um efeito digital chechelento, que torna o exercício de visualização em algo inevitavelmente cômico.
A cena de exorcismo em si é dos momentos mais vergonhosos do cinema de horror recente. Há muitos sustos falsos, há muito apelo escatológico, além de haver uma série de sequências de entidades genéricas mergulhando em cenários de pântanos e prisões.
Parece uma paródia de algumas das obras spin-offs do Invocaverso. A intenção de David Gordon Green era homenagear O Exorcista, mas ele acaba copiando o estilo das cópias baratas lançada após O Exorcismo de Emily Rose.
Isso por si só não seria um problema, a grande questão é que ele se julga uma grande obra, tem pretensão de ser um horror psicológico, que tenta ser uma obra sobre a exploração de um trauma, como foi toda a construção em torno da Laurie Strode na trilogia Halloween.
Os créditos finais ocorrem na mesma fonte vermelha tradicional, ao som do trecho do rock progressivo Tubular Bells, mas a essa altura, quase não há o que salvar da dignidade da obra. Não há com quem se importar, o espectador pode, se muito, se preocupa com o destino de Angela, que é a única personagem bem construída,
Nem mesmo Chris MacNeil gera no espectador a mínima curiosidade, de tão descaracterizada que está, o fan service dado no final é vergonhoso demais, resultando em uma das cameo menos surpreendentes e mais vergonhosas dos últimos tempos no cinema blockbuster.
O Exorcista O Devoto apela para toda sorte de clichê de filme de horror. Não é que ele desonre o que funciona no clássico, a grande questão é que ele abraça todos os chavões das cópias ruins, mas até isso faz sem charme, já que se leva a sério demais. Para quem gosta de comédia involuntárias, esse certamente é um clássico a ser revisitado.
Resta saber se o público eventualmente achará isso, se demorará a chegar a essa conclusão ou se jamais vai encarar a obra como tal. Para todos os efeitos, é bom dizer que ele é divertido ao extremo no sentido de ser uma galhofa mal resolvida e publicada como alvo sério.
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